China avança sobre o açúcar brasileiro

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Do volume programado para exportação neste mês, 24% são destinados ao mercado chinês

 

A China pode bater novo recorde de importação de açúcar do Brasil ou pelo menos repetir o expressivo volume comprado em 2010. Nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR), os navios que se destinam ao país asiático não param de chegar. Até ontem, de todo o açúcar programado para exportação pelo Brasil neste mês, um percentual de 24% era destinado ao mercado chinês.

 

No ano passado, a China comprou 1,23 milhão de toneladas do produto do Brasil e se tornou o quarto maior comprador do açúcar bruto brasileiro. Em 2009, havia importado um volume bem menor, 254 mil toneladas.

 

Até ontem, 16 navios com destino à China estavam programados para embarcar a commodity em julho nos portos de Santos e Paranaguá, de um total de 82 embarcações previstas, segundo a SA Commodities, que atua em parceria com a Unimar no agenciamento marítimo. Assim, dos 2,93 milhão de toneladas previstas para serem exportadas no mês, 659,5 mil toneladas estavam programadas para o país asiático.

 

Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, estima que a China deve importar 2,3 milhões de toneladas de açúcar, de diferentes origens, na safra mundial 2011/12 que começa em 1º de outubro. O volume estimado é 21% superior ao do período anterior. Do Brasil, devem sair em torno de 55% desse total, estima Nastari, ou cerca de 1,26 milhão de toneladas, pouco acima do volume de 2010.

 

Outras empresas de consultoria preveem volumes ainda maiores de importação pela China. Apenas entre maio e novembro, o país pode precisar importar de 2,5 milhões a até 3 milhões de toneladas, segundo Jeremy Austin, da trading Sucden do Brasil. Mais de 1 milhão de toneladas virão do Brasil, segundo ele. "Os preços futuros da commodity em Xangai já estão subindo", observa Austin.

 

Segundo a Datagro, já na safra mundial 2011/12 a China deve superar a Rússia como maior importador mundial de açúcar. Em dois ou três anos, o país asiático deve se tornar também o principal importador do produto do Brasil. O apetite chinês deve dar sustentação aos preços da commodity no médio prazo, diz Nastari. Ontem, o contrato com vencimento em março subiu 6 pontos na bolsa de Nova York, fechando a 27 centavos de dólar a libra-peso.

 

A Rússia, diz a Datagro, deve reduzir suas importações de 3 milhões de toneladas (2010/11) para 1,9 milhão de toneladas (2011/12). Com isso, passará a quinto importador mundial, segundo a Organização Internacional de Açúcar (ISO, na sigla em inglês)

 

Em seu último relatório, de julho, a ISO observa que as importações de açúcar da China no primeiro trimestre do ano recuaram consideravelmente, como consequência da política do governo de liberar estoques internos. Mas o documento pondera que em abril e maio essas compras voltaram a subir com força. Alguns analistas acreditam, segundo a ISO, que a China terá que importar agressivamente antes de setembro, quando começa sua colheita, e que o Brasil sozinho pode contribuir com 500 mil toneladas de açúcar bruto somente em julho.

 

Se confirmado, esse volume será 55% maior do que o importado um ano antes. Nos portos brasileiros, a programação para o mês de julho é de embarque de 659,5 mil toneladas de açúcar para o mercado chinês..

 

Além de comprar do Brasil e da Austrália, os chineses também devem se abastecer de açúcar da Tailândia, segundo maior exportador do produto depois do Brasil. A produção tailandesa surpreendeu - vai crescer de 7,1 milhões para 9,6 milhões de toneladas - o que dará ao país um excedente exportável de 6,3 milhões de toneladas, ante 5,79 milhões de toneladas da safra anterior, segundo a ISO.

 

O consumo de açúcar na China vem subindo, puxado pelo aumento do consumo de industrializados no país. Feito de beterraba e de cana, a produção de açúcar chinês na safra 2011/12 será de 10,5 milhões de toneladas, segundo a Datagro, enquanto o consumo deve atingir 14,5 milhões de toneladas, um déficit anual de 4 milhões de toneladas.

 

Veículo: Valor Econômico


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