Visita do Carrefour é adiada e governo retrai apoio à fusão

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A vinda ao Brasil do presidente mundial do Carrefour, Lars Olofsson, deve acontecer na semana que vem - não nesta sexta-feira, como se pensava -, de acordo com fontes ligadas à agência Publicis, que cuida da área de comunicação da companhia francesa. Olofsson pode buscar o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e representantes do governo federal para defender a união com o Grupo Pão de Açúcar (GPA).

 

O fundador da agência de publicidade Andreoli MSL, Pedro Andreoli, braço do grupo Publicis, não quis falar ao DCI, mas repassou a informação de que o presidente do Carrefour deve vir ao Brasil no "final da semana que vem". Depois de um pedido para confirmar a informação, a empresa se contradisse e negou o que havia dito. A Andreoli cuida dos assuntos de mídia, no País, relativos à fusão "Carreçúcar".

 

Para tratar da imprensa, no que o jargão chama de 'gerenciamento de crise', o Carrefour no Brasil conta com uma agência de comunicação que também está, por assim dizer, em crise. Enquanto o executivo Pedro Andreoli parece saber dos planos de Olofsson, a assessoria dele, que passou o dia na sede da rede de supermercados, diz que não há "nada confirmado" nesse sentido.

 

Noiva do casamento franco-brasileiro em que o empresário Abílio Diniz pretende ser marido e o grupo francês Casino se coloca como convidado incoveniente, o Carrefour aprovou nesta semana o santo matrimônio. Agora está numa posição de espera, enquanto os homens da relação trocam farpas. Ontem, no Twitter, Diniz publicou que o Casino "vai ter que explicar" sua recusa à fusão, já que o negócio, na visão do empresário, agrada aos acionistas do GPA e ao mercado em geral.

 

BNDES e governo

 

Ontem, em Paris, o diretor Executivo da divisão de Internacional e de Comércio do BNDES, Luiz Eduardo Melin, disse que "há mais fumaça do que fogo" no caso dessa fusão. A declaração diz respeito às críticas feitas à possibilidade de o banco de fomento emprestar R$ 4,5 bilhões para a viabilização do negócio. Segundo Melin, a instituição recebeu uma proposta normal e tinha a obrigação de analisá-la.

 

"A [precondição] número um é que todas as companhias e grupos envolvidos devem estar de acordo", disse o diretor do BNDES, que enquadrou o caso em análise técnica, cujos detalhes o banco não abre por respeito ao sigilo comercial. "A intenção não é entrar numa disputa privada."

 

Num período de duas semanas, o governo brasileiro, comandado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que se relaciona bem com o empresário Abílio Diniz, fez declarações divergentes acerca da fusão proposta pelo empresário. No início apoiou-a, mas recebeu tantas críticas (porque o dinheiro do BNDES, cobiçado pelo negócio, é público) que deu para trás na defesa do tema.

 

Também na capital da França, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pìmentel, disse ontem que a fusão é "assunto de empresa privada, não do governo". De acordo com ele, "se as empresas acharem que é interessante, o negócio sai. Caso contrário, não cabe ao governo fazer." Pimentel foi a Paris para se reunir com líderes do governo, não se sabe exatamente para quê - o ministro negou que tenha sido para o caso "Carreçúcar".

 

A opinião de Pimentel é favorável ao negócio entre Carrefour e Pão de Açúcar, como havia ficado claro na seguinte declaração sua à imprensa, quando a história ainda estava no início:

 

"[A fusão] abre uma porta importantíssima para colocar produtos brasileiros no mercado internacional".

 

Cade "aleijado"

 

A publicação inglesa The Economist faz circular hoje uma edição que se posiciona contra a transformação das redes Carrefour e Pão de Açúcar em uma coisa só. Além disso, a revista diz que o sistema antitruste brasileiro (leia-se, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica - Cade) está "aleijado por regras que o impedem de agir".

 

O texto cita um estudo de 2007, desenvolvido nas Universidades de Manchester, na Inglaterra, e Illinois, nos Estados Unidos, em que pesquisadores mostram como o market share (participação de mercado) das quatro maiores empresas do Brasil só aumentou nos últimos 15 anos. Com isso, a revista aponta deficiências técnicas do Cade, órgão responsável por zelar pela concorrência.

 

"O veredito sobre a fusão [Carreçúcar] vem do BNDES, não do Cade", afirma The Economist. A reportagem destaca que o casamento franco-brasileiro criaria uma companhia com 27% do mercado varejista brasileiro e 69% do paulista. Como fonte brasileira, a publicação usa o professor Sérgio Lazzarini, do Ibmec, que analisa: "O PT mostrou-se mais interessado em criar 'campeões nacionais' do que em promover a competição". Resultado disto: concentração de mercado e lucro com dinheiro público.

 


Veículo: DCI


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