Belo Horizonte: Capital perde a preferência

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Empresas de varejo, de supermercados a shopping centers, optam por regiões onde há maior potencial para crescimento

 

O crescimento da renda no interior puxa o varejo. Este ano, a Associação Mineira de Supermercados (Amis) prevê investimentos de R$ 220 milhões. Até 75% desta fatia vai para os municípios menores, uma inversão consolidada nos últimos anos, segundo o superintendente da Amis, Adilson Rodrigues. “Em vez de ter um alto custo de investimento para disputar um mercado já preenchido na capital, a preferência acaba ficando com o interior, que ainda tem espaço para crescer”, aponta. Segundo Rodrigues, há cerca de oito anos os novos investimentos do estado eram divididos meio a meio, entre capital e interior. Hoje, mais de 70% dos recursos são direcionados para os municípios de menor porte.

 

A inversão também é observada no setor de shopping centers. Números da Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop) apontam que na Região Sudeste 57,6% dos estabelecimentos estão no interior. No Sul do país, o percentual atinge 67,31%. Segunda a especialista do setor e diretora da Tenco Realty – grupo que atua no planejamento e gerenciamento de shoppings –, Adriana Gribel, a população do interior ganhou renda e a tendência do setor é se deslocar cada vez mais para os municípios onde há espaço para crescer. Ela cita investimentos do grupo Tenco superiores a R$ 250 milhões na construção de novo shopping em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Vamos atender a 20 cidades”, pontua.

 

De olho no crescimento do mercado consumidor, a direção do Montes Claros Shopping Center (um dos dois centros de compras da cidade) iniciou, em março, a expansão do empreendimento, que será concluída até o fim do ano, recebendo um investimento da ordem de R$ 20 milhões. Hoje, o centro de compras conta com um movimento de 30 mil pessoas por dia e a meta é chegar a 40 mil consumidores diários, até o fim do ano, segundo a gerência do shopping.

 

RANKING Minas Gerais é o terceiro maior estado brasileiro em potencial de consumo, atrás de São Paulo e do Rio de Janeiro. Minas é o estado brasileiro com maior número de municípios (853) e, como faz divisa com Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, tem uma grande diversidade de população. Um aspecto negativo é que o valor do potencial de consumo per capita urbano do estado, de R$ 13.865,25, é inferior à média nacional, de R$ 14.297,74. “Isto significa que o estado tem uma concentração de população em classes de menor poder aquisitivo que a média nacional”, observa Marcos Pazzini, diretor do IPC Marketing, responsável pelo índice que mede o poder de consumo da população.

 

O presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Ângelo Roncalli destaca que existe concentração de renda até mesmo na região, ainda assim, ele considera que a melhoria do poder de compra das cidades menores está sendo impulsionado pela instalação de indústrias em regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “O crescimento do poder de consumo pode ser notado desde a maior diversificação da cesta básica até o crescimento das concessionárias de veículos por todo o estado”, comenta. Segundo ele, com o controle da inflação a tendência é que o interior cada vez mais dispute recursos com a capital.
 

Veículo: O Estado de Minas


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