As geadas que atingiram as regiões produtoras de café no Sul do Estado, entre o final de junho e o início deste mês, não danificaram os grãos da safra atual. No entanto, o receio dos cafeicultores se refere aos possíveis impactos negativos sobre a próxima safra. As geadas danificaram, principalmente, as folhas dos cafezais, o que interfere negativamente no nível produtivo da próxima safra. Em relação aos preços praticados em junho na região, houve recuo nos valores da saca de 60 quilos de 8,4%, se comparados com os vigentes em maio.
De acordo com o engenheiro-agrônomo e extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Regional Guaxupé, no Sul de Minas, José Inácio Silva Citton, a região atingida pela geada está concentrada nos município de Botelhos e São Pedro da União.
"Os técnicos estão em campo avaliando a área atingida. O que sabemos é que os estragos não foram de grandes proporções. Os possíveis efeitos da geada deverão ser percebidos na próxima safra, com a queda da produtividade. O recomendado é que, após as geadas, os produtores avaliem os danos e, nos casos necessários, faça poda nos cafeeiros, para que ocorra a recuperação da planta", orienta Citton.
De acordo com os dados do Relatório do Café, elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), além de Minas, foram registradas geadas em São Paulo e Paraná. Até o final desta semana, ainda não havia sido apurado com precisão o impacto do fenômeno climático. As primeiras informações são de que os efeitos da geada se restringiram às folhas, sem atingir as ramas, onde ficam os grãos a serem colhidos.
Segundo o Cepea, como parte das folhas foi queimada pela geadas, a planta, em vez de utilizar seus nutrientes para a fixação das floradas, concentrará suas forças na reposição das folhas perdidas, o que pode resultar em menor produtividade.
Mesmo com a interferência do clima, a qualidade do café da temporada 2011/12, está superior à safra 2010/11. O número de grãos verdes por lote já diminuiu, e a bebida, de modo geral, é dura ou melhor, fator proporcionado pela florada quase uniforme do segundo semestre de 2010.
Segundo o coordenador de desenvolvimento técnico da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Mário Ferraz de Araújo, o clima durante todo o período produtivo foi favorável para o bom desenvolvimento do café.
Preço - Além do clima, as perspectivas positivas em relação aos preços do café no mercado mundial incentivaram os investimentos nos tratos culturais e na maior aplicação de tecnologia no campo. O resultado é uma safra de alta qualidade e de perdas reduzidas", diz Araújo.
Ainda segundo o coordenador da Cooxupé, a expectativa é de que, devido à alta qualidade e os estoques internacionais baixos, os valores pagos pelo grão apresentem alta ainda neste mês. A tendência de alta foi apontada também no Relatório do Café. De acordo com os pesquisadores do Cepea, com o recuo dos preços do café arábica em junho, os vendedores negociaram apenas o necessário para cobrir os gastos com a colheita, acreditando na reação dos preços.
No período, o indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve média de R$ 514,99 por saca de 60 quilos, valor 3% menor que o de maio. O contrato de arábica com vencimento em setembro na Bolsa de Nova York (ICE Futures) fechou o dia 30 a 265,60 centavos de dólar por libra-peso, aumento de 2,7% em relação a 1º de junho.
A produção de café arábica em Minas Gerais, de acordo com o segundo levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), está estimada em 21,848 milhões de sacas na safra 2011/12. Devido à bianualidade negativa da cultura, está prevista redução na produção cafeeira de 12,03% em relação ao volume obtido na safra anterior. A produtividade média do Estado atingiu 22,18 sacas por hectare. A produção total, incluindo conilon, será de 22,124 milhões de sacas beneficiadas, com queda de 12%.
Veículo: Diário do Comércio - MG