Eletrodomésticos preocupam varejo

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O setor supermercadista, que atingiu crescimento de 5,53% nas vendas durante o mês de setembro na comparação com o mesmo mês no ano passado, começa a ficar temeroso em relação ao desdobramento da crise financeira internacional, que poderá afetar o segmento de não-alimentos, considerado ao longo deste ano a menina-dos-olhos de hipermercadistas como Grupo Pão de Açúcar, Wal-Mart, Carrefour, GBarbosa e Y. Yamada - que prevê queda nas vendas dessa categoria, responsável por 60% das vendas de suas 33 lojas.

 

Maior rede do Norte, a holding Grupo Y. Yamada estima incremento de 7% no faturamento de R$ 1,1 bilhão obtido em 2007, e crê em um leve arrefecimento nas vendas de bens duráveis. Isso devido ao clima de desconfiança com a oscilação de bolsas e câmbio, além da já constatada apreensão do consumidor com o impacto da crise no País. O vice-presidente da companhia, Fernando Yamada, disse ao DCI que poderá ocorrer um arrefecimento nas vendas de bens duráveis.

 

"Ao que tudo indica, haverá leve queda na venda desses itens, pois seus componentes são atrelados ao dólar. Mas ainda não é possível quantificar o valor da queda", analisou. Mesmo assim, ele almeja obter vendas até 10% maiores no período de festas de fim de ano, frente a 2007.

 

O impacto dessa retração da venda de não-alimentos, principalmente eletrodomésticos, portáteis e eletrônicos, pode afetar o desempenho da varejista nos próximos meses, já que mais da metade dos itens comercializados por ela pertencem a esta categoria. Para contornar o período nebuloso, "a estratégia será fazer promoções de fidelização e atrair mais clientes", revelou o vice-presidente.

 

No 12º lugar no ranking nacional do setor, o Grupo, fundado por uma família japonesa que chegou ao Pará em 1931, detém negócios nos setores supermercadista, financeiro, lojas de departamentos, pesca e motores, veículos e importação. A empresa garante que manterá os investimentos em expansão até o fim do ano e também em 2009. Em novembro abrirá uma loja de dez mil metros quadrados em Castanhal, interior do Pará, com aporte de R$ 12 milhões.

 

A loja, assim como outras 15 da rede que possuem no mix itens de não-alimentos (eletrodomésticos, móveis e vestuário), terá dois pisos, sendo que o superior funciona como um magazine. Para o próximo ano, serão destinados R$ 20 milhões para a construção de duas unidades, ambas em cidades do interior do estado.

 

Yamada comentou que um fator que encarece os produtos vendidos na Região Norte do País é o custo com logística, porque, devido à dificuldade de locomoção na região, a rede paga em média 10% a mais para receber as mercadorias.

 

Hipermercados

 

Na avaliação de Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o formato hipermercado deverá ser o primeiro a sentir os efeitos da crise. "Cerca de 35% das vendas são relacionadas a produtos não alimentícios. Devido à maior seletividade das empresas ao conceder crédito, os produtos de maior valor agregado podem apresentar uma desaceleração das vendas", analisou.

 

Quando visto o desempenho do setor em setembro ante o mês anterior, foi constatada queda de 5,39% nas vendas. Segundo o presidente da entidade, isso aconteceu porque o mês de setembro é tipicamente um período no qual há queda nas vendas, e porque até setembro a crise internacional ainda não havia afetado o consumidor. "A previsão para o setor continua a ser de crescimento de 8%,e os últimos dois meses do ano, mesmo que tenham queda, não devem puxar esse índice para baixo", ressaltou. Em dezembro deve haver crescimento de 10% com relação ao mesmo mês de 2007.

 

Em relação ao desempenho das vendas mês passado, o Grupo Pão Açúcar registrou R$ 1,4 bilhão, alta de 22,8% ante setembro de 2007. Novamente, os resultados foram puxados pela categoria não-alimentos, que cresceu 15,9% no período, enquanto as vendas apresentaram crescimento de 4,8% no mês, ambos no conceito de vendas mesmas-lojas. No terceiro trimestre, as vendas líquidas totalizaram R$ 4,4 bilhões, incremento de 26% perante o mesmo período do ano passado. As bandeiras que mais cresceram naquele mês foram Extra, CompreBem e Extra Eletro.

 

Nesta semana, o presidente do Wal-Mart Brasil, Héctor Núñez, garantiu que a rede terá um "Natal forte e tranqüilo, sem pressão". Além disso, destacou que os produtos importados vendidos nos pontos-de-venda da rede são trazidos pela própria empresa e que já estavam no País ou já haviam sido negociados, em vias de entrar na rede. "A crise não será capaz de trazer inércia ao varejo brasileiro, que manterá o ritmo de crescimento visto ao longo deste ano, tanto que não foi refeito um ajuste de metas para baixo", finaliza o presidente da rede.

 

Veículo: DCI


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