A demanda mundial de arroz deve aumentar em função da desaceleração econômica, o que deve obrigar as populações mais pobres a comerem mais desse alimento, uma vez que a carne terá preços mais elevados. Essa seria uma excelente oportunidade para o Brasil ampliar seus embarques do cereal. Porém, dois fatores podem tirar do País essa possibilidade.
Segundo o analista de mercado do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Camilo Oliveira, o primeiro fator é a redução de crédito tanto para exportações quanto para importações. Além disso, o aumento do custo de produção em função dos fertilizantes também poderia impedir o aumento dos embarques brasileiros na safra 2009/2010.
"O arroz é considerado um bem inferior, ou seja, tem preços mais baixos do que as proteínas e, com isso, a procura aumenta. Mas, com a dificuldade de se obter linhas de crédito para exportação, o Brasil poderá perder oportunidades de ampliar seus mercados", afirma.
De acordo com o analista, para esta safra, os fertilizantes já foram comprados. O que pode trazer mais um impacto sobre os custos são os fungicidas, herbicidas e inseticidas, muito usados nessa lavoura. "Esses produtos podem trazer uma alta de custos de 5% a 10% nesta safra".
Oliveira diz ainda que o Brasil deve embarcar cerca de 700 mil toneladas de arroz este ano. Para o ano que vem a expectativa é de 800 mil toneladas. "O Brasil, com esse volume, está entre os 12 maiores exportadores de arroz do mundo", diz.
Os principais mercados compradores do cereal brasileiro são da África Ocidental, como Senegal, Benin e Mauritânia. Na América Latina, os principais mercados são Panamá, Cuba, Trinidad, Bolívia e Venezuela. Porém, os mercados mais atrativos para o País são a Europa e o Oriente Médio. "Essas regiões são as que melhor remuneram o arroz brasileiro. A África do Sul seria outro mercado no qual o arroz nacional teria condições de alcançar preços até 10% mais elevados em relação aos demais", afirma Oliveira.
De acordo com o analista, os preços do arroz no mercado internacional estão cotados, em média, a US$ 700 a tonelada, ou seja, o dobro do início deste ano. "O arroz está bem valorizado no mercado externo. Acredito que seja difícil o preço se elevar acima desse patamar. Se o cenário se mantiver positivo, pode chegar a US$ 800. Se ficar abaixo de US$ 500 a tonelada, se torna inviável embarcar o arroz brasileiro", diz.
Ainda segundo Oliveira, se o dólar se mantiver no patamar de R$ 2,20, será extremamente vantajoso embarcar o cereal.
Veículo: DCI