Mão de obra preocupa produtores de leite

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Concorrência de importados e flutuação de preços e custos geram apreensão, aponta pesquisa.

 

A disponibilidade de mão de obra qualificada voltada para a cadeia do leite em Minas Gerais e demais estados é a principal preocupação dos produtores, aponta a pesquisa realizada pela consultoria Price Waterhouse Coopers (PwC). De acordo com o levantamento, a mão de obra também foi considerada como fator essencial para garantir o sucesso da atividade. O aumento das importações e a flutuação de preços e de custos de produção estão entre os principais itens que causam apreensão dos produtores.

 

De acordo com o sócio e líder de agrobusiness da PwC, José Rezende, a pesquisa foi realizada com cerca de 400 produtores de leite do país com o objetivo entender os principais fatores de sucesso e preocupações que afetam os produtores de leite em Minas Gerais e no Brasil. O levantamento também poderá ser utilizado tanto por representantes de associações e cooperativas ligadas ao setor lácteo, como pelo governo para a elaboração de políticas que solucionem os principais gargalos.

 

A pesquisa é relevante para Minas Gerais, isto pelo Estado possuir a maior bacia leiteira do país, respondendo por quase um terço da produção nacional. São aproximadamente 7,9 bilhões de litros por ano, o equivalente a 27,2% do que é produzido em todo o Brasil.

 

Para Rezende, a preocupação em relação à mão de obra qualificada se deve à redução do número de trabalhadores interessados pelo setor, que foi causada pela constante migração para outros segmentos, como a construção civil, que além de oferecerem salários atrativos ainda possuem maior status.

 

Os produtores dependem de profissionais capacitados para evitar desperdícios, oferecer alimentação adequada aos animais, manter os cuidados com sanidade e aplicação de tecnologias, como a de genética, que podem alavancar a produtividade do gado leiteiro.

 

"O aumento da qualidade e a redução dos custos estão atrelados ao bom manejo do rebanho e dos insumos, por isso a preocupação com a mão de obra é expressiva. Para agravar a situação, os trabalhadores que atuam nas fazendas produtoras de leite ainda sofrem pela discriminação da profissão, o que incentiva a migração para outros setores", disse Rezende.

 

Outro fator preocupante para os produtores é o aumento das importações de leite principalmente provenientes do Uruguai e Argentina, países com menores custos de produção. As negociações comprometem a rentabilidade já que eleva a oferta do produto no mercado, impactando negativamente nos preços principalmente na entressafra, período que os produtores lucram com a atividade. As importações são consideradas desnecessárias e um risco para a cadeia leiteira.

 

"A valorização do real frente à moeda norte-americana vem estimulando as importações e causando prejuízos para o setor que trabalha com os custos elevados, puxados principalmente pela alimentação do rebanho", disse Rezende.

 

 
Planejamento - A oscilação, tanto dos preços do leite como dos custos de produção, causa apreensão nos produtores, que sentem dificuldades em elaborar planos no longo prazo uma vez que o mercado é instável. Dentro do ponto de vista da PwC, a oscilação causa distorções nos processos de tomada de decisão, principalmente em relação a investimentos e expansão da atividade.

 

Já em relação aos fatores mais importantes dentro da propriedade para favorecer o sucesso da atividade, 72% dos produtores consideraram de grande importância a eficiência da mão de obra contratada. Em relação aos custos de produção de leite, 79% avaliaram o tema como muito importante, assim como 84% considerou também a gestão da propriedade.

 

De acordo com Rezende, a postura do produtor em relação à gestão é uma das principais preocupações. A tendência é que o produtor se qualifique mais para ser um empresário rural.

 

"O produtor precisa investir na profissionalização, assim ele terá condições de ampliar a produção através da melhor exploração dos recursos. A tendência é que a cada ano o mercado cobre e pague melhor pelo leite de qualidade", disse Rezende.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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