Os produtos de marcas próprias agora estão espalhados por todos os corredores do supermercado. Antes restritos a itens de alimentação, o setor ampliou seu portfólio e está presente em praticamente todas os prateleiras das lojas. Já é possível encontrar desde ração para o cachorro, lenço umedecido para o bebê, cafeteira, antisséptico bucal, lava roupas líquido até tintas e tomadas elétricas.
E as grandes redes varejistas têm investido em novos lançamentos anualmente para atrair cada vez mais consumidores para o segmento e apostam na continuidade do crescimento das vendas. A variedade inclui ainda alimentos congelados, aromatizadores, biscoitos recheados, cappuccinos, edredons, roupas, molhos para salada, lâmpadas, material escolar, entre outros. Só o Grupo Pão de Açúcar prevê 400 lançamentos em 2011. O Walmart planeja lançar outros 300 itens.
Segundo Neide Montesano, presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro), o Brasil aprendeu a atuar no setor na última década com investimentos em qualidade e aumento de fornecedores. “A ideia de que produto de marca própria não tem qualidade acabou e as empresas conseguiram comunicar isso para o consumidor”, destaca a especialista.
O principal apelo dessa categoria é o preço, que em média é de 15% a 20% mais barato que os produtos líderes por não ter custos adicionais com publicidade. E o varejo está otimista com esse mercado. O Walmart espera um crescimento de 30% nas vendas este ano. É o mesmo índice registrado nos últimos dois anos pelo Grupo Pão de Açúcar. No caso da Coop, a participação dos itens de marca própria nas vendas totais foi de 7% no primeiro semestre e ultrapassou os 6,5% do mesmo período de 2010.
Os números positivos do mercado refletem uma combinação de fatores. O primeiro é que o varejo passou a investir na qualidade dos produtos para fidelizar o cliente. Também priorizou mudanças na embalagem para ficar mais similar ao concorrente e estudou o posicionamento dos produtos nas gôndolas para identificar com qual produto o de marca própria está concorrendo.
“O varejo aproveita os mercados em crescimento, como o de pet, para lançar novos produtos. O setor está de olho nos novos hábitos do consumidor. A variedade também contribui para o aumento das vendas”, destaca a professora Heloísa Omine, do Núcleo de Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Classe C
Outro fator é a ascensão da classe C, que ampliou sua cesta de consumo com itens como iogurte e biscoito recheado. “Nem sempre essa inclusão é feita por meio das marcas líderes. E os produtos de marca própria aparecem como uma opção”, opina a gerente de marcas exclusivas do Grupo Pão de Açúcar, Luciana Carneiro.
A estudante Andressa Lima dos Santos, 17 anos, e o porteiro Wagner Proença de Miranda, 19 anos, compram três pacotes de fraldas por mês da Equate, do Walmart, para o filho. “Ajuda a economizar”, diz Santos. A assistente administrativa Juliana Fávero Rodrigues, 34 anos, compra em supermercados alternados e aproveita para experimentar os produtos. “Já comprei café, macarrão. Se gosto, compro novamente.”
Veículo: Jornal da Tarde - SP