Depois do anúncio da presidente Dilma Roussef sobre os R$ 120 bilhões que deverão ser investidos no nordeste brasileiro até 2017, agências de publicidade começam a abrir unidades na região. De acordo com a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), o nordeste figura entre o nichos mais produtivos para o crescimento do setor, somando a classe C e o apelo do turismo em apenas um local.
Segundo a entidade, em 2010 a movimentação financeira do nordeste no setor de publicidade cresceu 25%, e a expectativa para este ano é crescer 30%, enquanto o resto do Brasil deverá crescer 15%. Atualmente, a região conta com quase 10 mil empresas de comunicação, o que corresponde a 9,5% de todo o setor no Brasil.
De olho nesse bom momento, o publicitário pernambucano Queiroz Filho, diretor nacional da Abap, está otimista em relação ao ano de 2011 e acredita que o nordeste está sendo visto e reconhecido pelo universo empresarial brasileiro como a bola da vez.
Com 9.254 mil empresas de comunicação (televisão, rádio, jornal, revista, Internet etc), conforme levantado pelo Mídia Dados 2010, do Grupo de Mídia de São Paulo, o nordeste concentra 9,5% do total de empresas do setor. A região tem ainda 409 agências de publicidade registradas no Conselho Executivo de Normas Padrão (CENP) em 2009, 11,5% do total registrado no Brasil. Segundo números apurados pela Abap, em 2009 a Região do Nordeste ficou com 12,9% da verba destinada à televisão no Brasil e com 9,1% da verba aplicada em jornais, e esse número deverá crescer.
Quem já percebeu este cenário e já começou com planos de ir para o nordeste foi a agência de comunicação e eventos br4.cgn.
De acordo com um dos sócios do grupo, Fernando Cardoso, a empresa já está se preparando para ampliar horizontes. "Ainda não realizamos nenhuma ação no nordeste, mas estamos estudando a fundo o mercado de Pernambuco, em especial sua capital, Recife, pois a região a está com crescimento acima da média nacional."
O empresário afirmou ainda que muito desse potencial de crescimento deve-se ao Complexo Industrial Portuário de Suape. "O investimento privado na região já ultrapassou os R$ 22 bilhões, e estima-se que mais R$ 3,5 bilhões serão gastos em infraestrutura até 2014. É um mercado muito promissor, e a br4.cgn quer participar com bons projetos."
Já em operação no mercado nordestino, Sérgio Melo, presidente da agência publicitária Meius, de Salvador (BA), acredita que o mercado publicitário dos nove estados nordestinos tem capacidade de abocanhar um pedaço maior desta verba. "Ainda não há limites sobre quanto o povo do nordeste pode consumir e produzir de publicidade, mas sei que vai muito além dos 10% atuais." Mello acredita ainda que o mercado nordestino dispõe de agências de muito bom nível e de profissionais criativos. "Principalmente nos últimos anos, é perceptível o fortalecimento destas empresas, seja na sua estrutura criativa e de operação, seja na capacidade de gestão", afirma.
Orlando Mota, sócio da Mota Comunicação, agência localizada no Ceará, também concorda com Mello, "Ainda não inventaram nada melhor para mudar o mundo do que os sonhos. E ainda não inventaram nada melhor para dar vida aos sonhos que a propaganda. Seja ela feita no 'sul maravilha' ou no 'nordeste purgatório'", afirma. Segundo ele, muitas vezes se pensou que o nordeste era o fim do mundo, mas hoje já se o vê como o começo. "Só o PAC prevê mais de R$ 80 bilhões de investimento em infraestrutura e logística na região, cujo consumo é equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) do Chile", diz.
Panorama
Muito além da publicidade, o mercado de serviços no nordeste vem ganhando força anualmente. De acordo com dados da Nielsen do Brasil em parceria com a Abap, o nordeste cresce 2% a mais do que todo o Brasil. "O crescimento do nordeste é um fenômeno. Se o nordeste fosse um país independente, seria hoje a 39ª economia do mundo", afirmou Eduardo Ragasol, presidente Executivo da Nielsen, durante a divulgação do estudo, este ano.
Segundo os dados da pesquisa, muitas empresas descobriram o nordeste como uma região próspera para novos investimentos, como: AmBev, com aporte de R$ 300 milhões; Kraft Foods, R$ 100 milhões; BrFoods, R$ 590 milhões; Unilever, R$ 85 milhões.
De acordo com Regasol, o nordeste é realmente atrativo e, dentro de três anos, seu crescimento e faturamento vai ser superior à média nacional. "Os grupos de serviços, inclusive as agências publicitárias que investirem no nordeste nesse momento terão retorno certo, visto a imensidão de potencial que os nove estados juntos possuem."
O executivo afirmou ainda que o empresário brasileiro já descobriu a região. "Hoje todos já sabem do potencial e estão vindo para o nordeste ampliar seus negócios", finalizou.
Veículo: DCI