O primeiro ano das maquinetas de cartão de crédito que operam com várias bandeiras foi comemorado pelos varejistas de Belo Horizonte. A Sondagem de Opinião do Lojista de julho, realizada pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), registrou redução nos custos cobrados pelas credenciadoras. Cielo e Redecard, empresas que lideram este mercado, estão oferecendo vantagens nas negociações que são feitas diretamente com os estabelecimentos.
Entre os entrevistados, 79% responderam que o novo formato contribuiu para baixar os custos de transação; 85% disseram que o valor mensal cobrado pelas máquinas caiu 41%; e 89% observaram redução de 21% na taxa sobre as vendas no crédito.
Apesar disso, apenas 41% dos lojistas consultados adotaram o sistema com máquina única. A maioria permanece utilizando várias maquinetas de bandeira exclusiva (22%), operando com todas as credenciadoras de bandeiras múltiplas (19%), ou negociando com uma credenciadora e vários terminais (20%).
Para a coordenadora do Departamento de Economia da entidade, Silvânia de Araújo, o mercado de transações eletrônicas ficou mais competitivo e, por isso, o custo de operação mais barato. Ela informou que o medo de falha técnica é um motivo para muitos varejistas ainda adotarem mais de uma máquina, não se beneficiando da redução de taxas.
Quase 90% dos empresários ouvidos avaliaram que os ganhos obtidos nas negociações com as administradoras não são suficientes para impactar os preços dos produtos e serviços. "A médio ou longo prazos, essa economia será percebida nos preços ao consumidor, à medida que smais comerciantes adotem o novo sistemaõ, prevê a economista.
Negociação - A Ótica Tamoio, em Belo Horizonte, trocou duas máquinas de cartões, cada uma com suas mensalidade e taxa próprias, por uma máquina POS (sigla de Point Of Sales), capaz de capturar transações de várias bandeiras. O proprietário Paulo Cançado Gonçalves optou por negociar com as duas maiores credenciadoras. Apesar de também ter recebido uma boa proposta de Redecard, assinou contrato com a Cielo. Conseguiu isenção no aluguel do POS, e redução nas taxas cobradas sobre as vendas no débito, crédito à vista e crédito parcelado.
"Antes eu pagava 5% das minhas vendas parceladas, e agora tive redução para 3,8%. Parece pouco, mas no fim do ano representa um grande ganho", exemplifica. Na empresa, 80% das vendas são feitas no cartão de crédito.
O sucesso nas negociações deu ao empresário a convicção de que a mudança trouxe mais poder aos varejistas. Antes sujeito às escolhas das administradoras, Gonçalves comemora avanços como, por exemplo, a taxa paga no parcelamento em 10 vezes, que agora é a mesma dos parcelamentos em menor prazo.
Devido à grande competição entre as óticas, a Tamoio decidiu repassar a redução dos custos aos produtos. "Reduzimos os preços em até 3%, o que é importante para ganhar a preferência da clientela", diz.
Veículo: Diário do Comércio - MG