A produção de azeite de oliva em Minas Gerais deverá crescer significativamente nos próximos quatro anos, impulsionada pela demanda crescente e os preços lucrativos. A fabricação comercial do primeiro azeite brasileiro teve início em 2008, em Maria da Fé (Sul de Minas). A expectativa é que o produto chegue aos supermercados já em 2012. Na última safra foram produzidos no Estado cerca de 1 mil litros do produto, para este ano, com o ingresso de novas áreas em produção, é esperado incremento de pelo menos 100%.
De acordo com o coordenador da Fazenda Experimental de Maria da Fé e gerente do Núcleo Tecnológico Azeitona e Azeite da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Nilton Caetano de Oliveira, o interesse tanto pela cultura como pelo azeite é crescente e cerca de 70 produtores estão desenvolvendo a atividade. Na região já são 500 hectares ocupados com as oliveiras. A árvore leva em média quatro anos para produzir os primeiros frutos.
O custo de implantação das lavouras é considerado alto, porém o retorno acontece no segundo ano produtivo. O custo médio inicial de implantação das oliveiras em um hectare está estimado em R$ 10 mil, sendo que até o quarto ano da cultura são necessários aportes que somam R$ 20 mil. A partir do quarto ano começa a produção. Cada hectare de oliveira é capaz de produzir em média 1,5 mil litros de azeite, isso se os tratos culturais foram aplicados corretamente. A cultura é perene e pode se estender por mais de 20 anos.
As pesquisas da Epamig em olivicultura no Estado começaram há mais de 50 anos
Desenvolvimento - Atualmente a cultura está em desenvolvimento em 40 municípios mineiros. As expectativas em relação ao mercado são positivas pelo consumo de azeite no país ser crescente. O Brasil é o quinto maior importador do produto no mundo e o terceiro importador de azeitonas. Em 2010, o consumo de azeite atingiu 50 mil litros e o de azeitonas foi de 70 mil toneladas.
Uma das principais ações para incrementar a produção do azeite mineiro foi a criação da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira, que tem como objetivo organizar a cadeia. Além disso, os olivicultores, em conjunto com a Epamig, estão participando de vários eventos para divulgar o produto. Devido a baixa escala de produção, neste ano, o litro de azeite produzido em Maria da Fé foi comercializado em média a R$ 200.
As pesquisas da Epamig em olivicultura começaram há mais de 50 anos, com a escolha e seleção de cultivares que se adequassem às características de clima e solo da região da Serra da Mantiqueira, onde está localizado o município de Maria da Fé. Atualmente o Estado conta com oito cultivares apropriadas ao clima da região. De acordo com Oliveira, cerca de 180 municípios de Minas Gerais e de São Paulo, possuem as condições climáticas e de solos adequados para o desenvolvimento da atividade.
A primeira extração de azeite, em caráter experimental, foi feita em 2008. A produção comercial no Estado foi iniciada em 2009, ano em que a Epamig adquiriu um extrator de azeite, importado da Itália, e passou a processar o óleo.
O equipamento, que custou à época cerca de R$ 150 mil, tem capacidade de extrair azeite de cerca de 100 quilos de azeitonas por hora, através do processo contínuo de centrifugação. O investimento, além de atender os experimentos desenvolvidos pela Epamig, é utilizado em parceria com os produtores regionais. A vantagem da máquina é a fabricação de um azeite com baixo índice de resíduos, diferentemente do que acontece com o processo artesanal.
Limitada - A expectativa do coordenador da Epamig é que nos próximos dois anos, com o aumento da produção de azeitonas na região, seja necessária a compra de mais nove máquinas. "Grande parte da área plantada ainda está em formação, por isso a oferta do azeite é limitada. Acreditamos que nos próximos dois anos haverá incremento significativo na produção, uma vez que as áreas estão aptas a produzirem", disse Oliveira.
Em 2010, o azeite da Epamig foi testado na Europa e bem avaliado por consumidores na Espanha e na Itália, onde foram feitas análises em laboratórios especializados. A previsão é de que o produto esteja nas prateleiras dos supermercados já em 2012.
Com o objetivo de avaliar a adaptabilidade da oliveira em diferentes condições climáticas, a Epamig desenvolve a cultura em caráter experimental em Leme do Prado (Vale do Jequitinhonha), e em Araxá (Alto Paranaíba). Além disso, conta com o maior banco germoplasma do país, na Fazenda Experimental de Maria da Fé, e desenvolve projetos que visam à qualidade do produto, do plantio ao consumo final, como o sequenciamento genético, que monitora a produção desde a escolha da cultivar até a comercialização do fruto, e estudos sobre os benefícios do consumo do azeite para a saúde.
Veículo: Diário do Comércio - MG