BRF coloca à venda ativos de até R$ 3 bilhões

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Fábricas oferecidas à concorrência não estão entre as mais novas da empresa, e vão do Rio Grande do Sul à Bahia

 

A Brasil Foods informou ontem a lista das fábricas que será obrigada a vender por determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para viabilizar a fusão entre Sadia e Perdigão. Segundo analistas, os ativos não estão entre os mais modernos da empresa, mas não devem faltar compradores para um pacote que pode valer entre R$ 1,7 bilhão e R$ 3 bilhões.

 

A lista inclui unidades que vão da Bahia ao Rio Grande do Sul, passando por algumas fábricas no Centro-Oeste. A concentração é maior no Sul, berço de Sadia e Perdigão, e no Sudeste, onde está a maior parte do mercado consumidor para processados de carne no País. "Estamos vendendo uma empresa com abrangência nacional e capacidade de concorrer conosco", disse Wilson de Mello Neto, vice-presidente de assuntos corporativos da BRF.

 

O órgão de defesa da concorrência determinou à Brasil Foods que venda uma série de marcas populares, 10 fábricas de alimentos processados, oito centros de distribuição, dois abatedouros de suínos e dois abatedouros de aves. Cerca de 9 mil funcionários trabalham nessas unidades. O acordo com o Cade obriga o comprador a garantir emprego por seis meses.

 

Essa "nova empresa" terá uma capacidade de processamento de 730 mil toneladas de carne e um faturamento estimado de R$ 1,7 bilhão. A BRF contratou o banco BTG Pactual para fazer uma avaliação dos ativos e preparar o negócio para a venda.

 

Com base na margem de lucro da empresa, os analistas calculam que os ativos devem valer cerca de R$ 1,7 bilhão, mas algumas estimativas chegam a R$ 3 bilhões. O BTG deve finalizar a avaliação em setembro e dar largadas às negociações.

 

Não foi divulgado o prazo estipulado pelo Cade para a venda dos ativos, mas fontes próximas acreditam que vai até julho do próximo ano. Não devem faltar pretendentes. Tyson, Marfrig e JBS já procuraram a BRF.

 

Segundo analistas ouvidos pelo Estado, as unidades colocadas à venda não incluem as fábricas mais modernas da Brasil Foods, localizadas em Rio Verde (GO), Lucas do Rio Verde (MT) e Vitória de Santo Antão (PE). O Cade estabeleceu o volume de vendas, mas foi a empresa que escolheu as unidades que disponibilizaria aos concorrentes.

 

"O pacote não incluiu as melhores unidades, mas a maior parte das fábricas da BRF está muito acima da média do mercado", disse um analista que preferiu não identificar. Apesar da diferença tecnológica, esse tipo de indústria ainda é muito intensiva em mão de obra e as margens operacionais das fábricas da BRF são parecidas.

 

Segundo um outro profissional, o mais valioso é a logística de distribuição, que vai permitir acessar os clientes da BRF e mercados regionais. A empresa não divulgou onde estão localizados os oito centros de distribuição que serão colocados à venda.

 

Pedro Herrera, analista do HSBC nos EUA, acredita que empresas estrangeiras e brasileiras terão interesse no pacote. Ele destaca que as fábricas envolvidas estão associadas a um pacote de marcas populares, como Rezende, Wilson e Confiança.

 

"Para uma multinacional que esteja interessada em entrar no mercado brasileiro e ter acesso aos consumidores emergentes do País, essa é uma oportunidade importante", disse Herrera.

 

Boa parte dos analistas acredita que o vencedor será um player local, porque o governo não gostaria de entregar os ativos a um estrangeiro. Nesse caso, o principal interessado seria o Marfrig, que já possui a marca Seara. O JBS também estaria no páreo, pois atua no setor de frangos no exterior, mas no Brasil permanece focada apenas em bovinos.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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