Linha direta com o consumidor

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A Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (Abevd) deverá divulgar, no início de agosto, o desempenho do setor nos primeiros seis meses de 2011. A entidade não faz projeções, por ter associados com capital aberto. Mas, em linhas gerais,  os negócios do ramo tendem a seguir o movimento do mercado, em crescimento, mas com ritmo menos acelerado que o do ano passado, quando registrou volume nominal 17,2% maior que o de 2009, batendo em R$ 26 bilhões e mantendo, pelo sétimo ano, expansão de dois dígitos.

 

Os produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos representam 90% desse comércio, comentou o vice-presidente da Abevd, Rodolfo Guttilla. A presença de outros segmentos, como os de artigos para o lar e suprimentos nutricionais, ainda é pequena, acrescentou. "Mas, até dentro do segmento predominante, há categorias, como maquiagem (em cosméticos), com participação baixa", disse o executivo, para pontuar uma das oportunidades de novos negócios no ramo.

 

Na área de serviços, agência de viagem e de oferta de experiências, além de empresas dedicadas à recarga de celulares,  estão se voltando, cada vez mais, à venda direta.

 

Multicanal – A paulistana O Melhor da Vida, fundada há cinco anos por Jorge Nahas para vender presentes-experiência (como passeios de balão ou de Ferraris, e jantares românticos), descobriu na venda direta um novo braço de negócio.

 

A empresa nasceu como loja virtual voltada ao mundo corporativo, com carteira de presentes na faixa de R$ 49 a R$ 1 mil. Com a venda direta implementada desde o início de 2011, as aproximadas 3 mil opções de presentes também chegam ao consumidor final.

 

"Hoje, essas vendas representam 7% do nosso faturamento", afirmou Nahas, que também estuda a abertura de duas lojas físicas na Capital paulista, além de expansão internacional do negócio para 15 países até 2015.

 

Nos últimos cinco anos, justificou Guttilla, da Abevd, o consumidor se tornou multicanal. "As camadas da classe C trouxeram um aquecimento para o canal de venda direta no Brasil, que já era o terceiro maior do mundo antes do boom da classe média", afirmou.

 

Esses clientes já compravam no setor, mas passaram a buscar produtos com maior valor agregado. "Até 2010, o aumento da massa salarial e a distribuição de renda foram muito importantes para manter as taxas de crescimento", disse Guttilla. A favor da desaceleração pesaria a diminuição da massa salarial; a pressão da inflação; e o nível de endividamento do consumidor.

 

Banho – Amalia Sina aposta que a venda direta dará um novo fôlego à Sina Cosméticos, empresa criada por ela em 2006, depois de 28 anos atuando como executiva de grandes corporações – ela foi presidente da Philip Morris e da Walita, além de vice-presidente da Philips na América Latina. A empresa detém a marca Amazonnutry, e para ela  concebe 105 itens em linhas para cabelos, corpo, banho, rosto e para a casa, com os quais faturou R$ 3 milhões em 2010.

 

O negócio nasceu voltado à exportação, com vendas aos Estados Unidos, e aos poucos ganhou espaço no varejo brasileiro (em redes de farmácias e de autosserviço), até somar 300 pontos de distribuição. Ao longo dos dois últimos anos, no entanto, Amalia observou que o aumento no volume de vendas para o varejo não refletia em melhora da margem de lucro.

 

A venda direta, explicou Amalia, se mostrou a melhor opção. Entre outros atributos, pelo fato de não ter atravessador, afirmou a empresária. "No varejo, você abaixa o preço, mas isso não chega ao consumidor final", disse.

 

O marco da transição do negócio para a venda direta será o mês de outubro, quando estarão prontos um milhão de catálogos da marca para amparar o trabalho das consultoras.

 

"Na prática, o sistema já existe via distribuidores", ressalvou, se referindo a uma estrutura em formação, por meio da qual também implementa os treinamentos que precederão a estreia. "Esta é uma fase de implantação, de ajustes e de aprendizado", ponderou.

 


Veículo: Diário do Comércio - SP


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