Os produtores de maracujá de Minas Gerais poderão ser beneficiados com as novas cultivares do fruto que foram lançadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Unidade Cerrados (Embrapa Cerrados). As três novas variedades, intituladas BRS Gigante Amarelo, BRS Sol do Cerrado e BRS Ouro Vermelho, tem como principais características a alta produtividade, a maior resistência às pragas e o maior tamanho do fruto. Em Minas Gerais o cultivo da fruta é crescente devido à rentabilidade proporcionada pela cultura.
De acordo com informações da Embrapa, o programa de melhoramento genético do maracujá vem sendo realizado desde a década de 1990, período em que se iniciaram os primeiros cruzamentos entre as variedades e o trabalho de seleção. O objetivo do programa é buscar o aumento de produtividade, do tamanho do fruto e da resistência às principais doenças da assolam a cultura.
O resultado do programa foram os novos híbridos BRS Gigante Amarelo, BRS Sol do Cerrado e BRS Ouro Vermelho que foram selecionados através de vários ciclos de cruzamentos e seleção, envolvendo a espécie comercial e também espécies silvestres. As plantas podem ser utilizadas em Minas Gerais, porém nas regiões onde não existe o risco de geadas.
De acordo com as informações da Embrapa, a BRS Gigante Amarelo tem produtividade alta nas lavouras irrigadas e plantadas no período de maio a julho, podendo alcançar 42 toneladas por hectare no primeiro ano, mesmo com ataque da virose. No segundo ano, a produtividade fica em torno de 20 a 25 toneladas por hectare, dependendo do manejo.
Características - As principais características do fruto da espécie Gigante Amarela são a homogeneidade, maior resistência ao transporte, coloração externa amarelo brilhante, coloração de polpa amarelo forte, maior quantidade de vitamina C, maior durabilidade prateleiras e o bom rendimento de polpa, que faz com que ele possa ser utilizado tanto na indústria como para o mercado varejista.
Já a BRS Sol do Cerrado tem produtividade média, com irrigação e plantado entre maio a julho, acima de 40 toneladas por hectare no primeiro ano de produção, sem o uso da polinização manual. No segundo ano de produção, a capacidade produtiva fica em torno de 20 a 25 toneladas por hectares, dependendo do manejo. A cultivar é resistente às doenças foliares, como bacteriose, antracnose e virose.
A BRS Ouro Vermelho também possui produtividade em torno de 40 toneladas por hectare no primeiro ciclo produtivo e em áreas irrigadas. A cultivar é resistente às doenças foliares, incluindo a virose. Em diferentes locais, tem-se comportado como tolerante a doenças causadas por patógenos do solo.
Os produtores mineiros, diante das novas cultivares, estão buscando investir na compra de sementes de alta produtividade para alavancar a produção e reduzir os custos com a cultura.
Preços no mercado estão competitivos
De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) a produção de maracujá em Minas Gerais está em plena expansão e deve crescer cerca de 20% em 2011. No ano passado o Estado foi o responsável pela produção de 37 mil toneladas da fruta.
Os preços competitivos do mercado e a agregação de valor, através da comercialização da polpa concentrada, são os principais fatores atribuídos ao maior interesse dos produtores em expandir a cultura no território mineiro. A colheita do fruto começa em setembro.
De acordo com o extensionista da Emater-MG, José Anísio Alves Vieira, o rendimento proporcionado pela comercialização do fruto é o principal fator que pode impulsionar os investimentos na cultura. Em Caratinga (Vale do Rio Doce), a Emater está desenvolvendo um estudo de viabilidade para a implantação de uma agroindústria de polpa de fruta.
O cultivo do maracujá no município ainda é pouco explorado. Ao todo 20 hectares são utilizados para o desenvolvimento da fruta. A produção média é de 240 toneladas por ano. Com o lançamento das novas cultivares, produtores da região já manifestaram o interesse em investir na BRS Gigante Amarelo. O interesse é ampliar a produtividade, a qualidade dos frutos e com isso agregar valor.
"Ainda não temos nada concreto, mas estamos elaborando o estudo para a instalação de uma agroindústria. A venda do maracujá processado poderá incrementar a produção da fruta na região. Enquanto o quilo do maracujá in natura é vendido a R$ 0,80, o mesmo volume de polpa é comercializado em torno de R$ 10", disse Alves Vieira.
De acordo com as informações da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o principal município produtor é Araguari, no Triângulo Mineiro, com 120 hectares ocupados com a fruta. A produção em 2010 chegou a 2,28 mil toneladas.
Os produtores de Lavras (Sul de Minas) também estão investindo na produção de maracujá para aumentar a renda familiar e a geração de empregos.
Veículo: Diário do Comércio - MG