Droga Raia e Drogasil se unem e criam maior rede de farmácias do País

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Segundo comunicado, os atuais acionistas da Drogasil terão uma participação de 57% na nova companhia, enquanto os da Droga Raia deterão 43% do total; rede nasce com receita estimada em R$ 4.1 bilhões

 

Após dois meses de negociação, Drogasil e Droga Raia anunciaram ontem a fusão de suas operações, com a criação de uma nova empresa - a Raia Drogasil S/A - que passa a ser líder do varejo farmacêutico no País, com participação de 8,3% do mercado e faturamento de R$ 4,1 bilhões. O controle da nova empresa será compartilhado de forma "equilibrada" entre os acionistas das duas empresas, segundo comunicado das empresas.

 

Os atuais acionistas da Drogasil terão uma participação de 57% na nova empresa, enquanto os da Droga Raia deterão 43% do total. De acordo com o comunicado divulgado ontem, isso inclui as ações negociadas em bolsa pelas companhias, ambas de capital aberto. Com a fusão, a nova empresa será listada no Novo Mercado, com free float (ações em circulação) de 50%.

 

A Droga Raia, controlada pela família Pipponzi, abriu o capital no fim do ano passado, movimentando R$ 654,697 milhões. Em 2008, depois de tentar fazer um oferta inicial de ações (IPO), a empresa recebeu um aporte da Gávea Investimentos e da Pragma Patrimônio por uma participação de 30% na companhia.  


  
Segundo fontes próximas à negociação, a conversa entre as duas redes foi "rápida e amistosa", por se tratarem de empresas de tamanhos semelhantes e com contas "bem resolvidas". A presidência da nova varejista farmacêutica ficará nas mãos de Claudio Roberto Ely, hoje diretor-geral da Drogasil, enquanto o atual presidente da Droga Raia, Antônio Carlos Pipponzi, assumirá o cargo de chairman executivo do conselho de administração. Cada uma das empresas indicará três conselheiros, que serão acompanhados de outros três independentes.

 

O comunicado divulgado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) relata que a fusão será concretizada por meio da incorporação das ações da Raia pela Drogasil - esta última passará a ser chamada de Raia Drogasil, continuará tendo seus papéis negociados em bolsa e vai emitir novos papéis aos acionistas da Droga Raia, na proporção de dois para um.

 

Com validade de dez anos, o acordo de acionistas "prevê a vinculação de ações correspondentes a 40% do capital da companhia", que não poderão ser negociadas. Os controladores de ambas as empresas "contribuirão com metade dessas ações vinculadas, cujo total será reduzido progressivamente até o quinto ano do acordo, quando passará a representar 30% do capital da Raia Drogasil", diz o fato relevante.

 

As duas marcas, que já têm um perfil parecido, serão mantidas no mercado. Juntas, elas têm 700 unidades nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. A concentração de drogarias, no entanto, está em território paulista, onde as bandeiras somam cerca de 480 lojas.

 

"No restante do País eles são muito fracos, mas em São Paulo têm uma presença muito forte, o que poderá gerar um certo canibalismo entre elas", avalia um concorrente do setor. Consultores do setor avaliam que a forte presença no Estado pode "blindar" a entrada de concorrentes. A nordestina Pague Menos, por exemplo, é uma competidora que pretende abrir capital para fortalecer sua operação no Sudeste.

 

Mercado. Segundo a consultoria internacional Euromonitor, o varejo farmacêutico brasileiro movimentou no ano passado quase R$ 43 bilhões. O País conta com cerca de 60 mil estabelecimentos. Com a fusão, a Raia Drogasil passa a ocupar com folga o topo do ranking das empresas do setor em faturamento, passando a Drogaria São Paulo. No ano passado, com a aquisição do Drogão, a rede passou a ter uma receita de R$ 2 bilhões - metade do que movimenta a nova concorrente.

 

A Drogasil foi assessorada pelo Goldman Sachs e a Droga Raia, pelo Itaú BBA. Agora, a associação segue para avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

 

Consolidação avança no setor

 

Altamente pulverizado, há tempos o mercado de farmácias é apontado por analistas como propício a uma forte consolidação, que propiciaria a criação de grupos maiores, com maior poder de negociação com os fornecedores. E é exatamente isso que vem acontecendo recentemente. No ano passado, a rede Drogão foi comprada pela Drogaria São Paulo, que se tornou, então, a maior rede do País, com faturamento de mais de R$ 2 bilhões. Também em 2010, a Brazil Pharma, holding do banco BTG Pactual, anunciou a compra de metade da rede de farmácias Rosário Distrital, maior do setor no Centro-Oeste.Com a aquisição, a Brazil Pharma passou a reunir 510 lojas, com receita estimada de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão. Em setembro de 2009, o BTG já havia comprado 100% da rede franqueadora Farmais e, em maio de 2010, 75% da Farmácia dos Pobres, com 32 lojas no Nordeste.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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