Especializada em macarrão, a Selmi Alimentos começou a diversificar seus negócios e deve acirrar a concorrência no setor de biscoitos, massa para bolo e até óleo. Para isso, vai ampliar sua linha de produção em Sumaré, cidade do interior paulista, e expandir a planta de Londrina, com a mudança para o Município de Rolândia, elevando a área de 22 mil para 300 mil metros quadrados, no interior do Paraná.
Segundo o presidente da companhia, Ricardo Selmi, ainda haverá uma nova fábrica na região de Suape, próximo de Recife, em Pernambuco. O investimento na unidade é de R$ 20 milhões para produzir macarrão e a variedade instantânea. "Tudo isso faz parte de um plano de crescimento que começou no ano passado e que irá até o fim de 2013, consumindo um total de R$ 80 milhões", revela o executivo.
Segundo Ricardo, a fábrica, que deve entrar em funcionamento até o final de 2012 ou início de 2013, é fundamental para ampliar a participação da empresa no mercado de massas, especialmente na Região Nordeste, dominado pela M.Dias Branco, que hoje é de apenas 1%.
O pouco contato de mãos de funcionários nas linhas de produção da Selmi, em Sumaré, já dá a dimensão dos investimentos feitos pela empresa, principalmente na automatização de suas plantas. A centenária companhia aposta nas máquinas para embalar e empacotar praticamente todos os seus produtos.
Os 860 funcionários praticamente só põem a mão nos itens recusados ou nas caixas a serem colocadas nos paletes. Mesmo assim já está em teste um robô que empilhará os pacotes de forma automática, sem necessidade de serviço braçal.
Com ganhos de eficiência e com a nova configuração, a fabricante de alimentos espera crescer 22% este ano em comparação a 2010. "Hoje o custo do frete, aliado a barreiras protecionistas criadas pelos estados nordestinos em favor das indústrias locais, praticamente inviabiliza nossa operação. Com a implantação da fábrica no nordeste podemos concorrer em igualdade de condições", observa Selmi.
O dinamismo do porto local é outro fator relevante para a escolha da nova planta. Isso torna o custo favorável para exportar para países do Mercosul, Guianas e, no futuro, até para o continente africano, conforme o executivo.
"Com a mudança no Paraná, poderemos ampliar a cadeia produtiva, diluir custos, e aumentar nossa capacidade de fornecimento para região Sul do País", analisa Ricardo Selmi.
Atualmente a companhia, detentora das marcas Gallo e Renata, conta com uma capacidade de produção mensal de 18 mil toneladas de massa, 3 mil toneladas de farinha e mistura para bolo, 3 mil toneladas de biscoitos e 800 toneladas de bolos e bolinhos.
Concorrência
A Selmi possui 14% de participação no mercado de massas brasileiro, considerado o terceiro maior produtor mundial de massas secas, atrás somente da Itália e dos Estados Unidos. O País produz cerca de 1,3 milhão de toneladas ao ano e apresenta um faturamento superior a R$ 5 bilhões.
A companhia - que também produz café, queijo ralado, azeite e farinha - está inserida dentro do segmento de derivados de trigo, que no ano passado movimentou cerca de R$ 18,7 bilhões, o que representa cerca de 7% dentro do universo da indústria alimentícia, cujo faturamento chegou a R$ 276,6 bilhões em 2010, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia).
Segundo o executivo, uma das razões do crescimento da Selmi está na forma como a empresa atende às demandas do mercado. "Nossa distribuição é horizontalizada, atendemos pedidos pequenos, de forma direta sem a figura do distribuidor, o que também ajuda a fidelizar o cliente", diz. Apenas 10% das vendas da companhia são destinadas a grandes grupos como Pão de Açúcar, Walmart, entre outros.
Bicoitos
Uma aposta recente da Selmi foi o segmento de biscoitos, na qual a empresa conta com 1,2% do mercado, mas que espera atingir os 3% até o final de 2012. Para isso, investiu R$ 5 milhões em uma campanha publicitária.
As exportações também foram intensificadas, com uma parceria com as redes norte-americanas de supermercados Publix, com 1,3 mil lojas, e Winn-Dixie, com mil unidades. Foram enviados dois contêineres abastecidos com bolos prontos, biscoitos maisena, cream cracker, goiabinha e mistura para bolo.
O projeto é fazer com que, em 5 a 10 anos, 20% da receita da empresa venha das exportações. Hoje, as exportações representam 2,5% do faturamento.
Veículo: DCI