Preço de alimentos determinou fim da deflação

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O setor de alimentação foi o grande responsável pelo término da deflação na primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que saiu de queda de 0,21% em julho para alta de 0,22% em agosto. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, alimentos com preços em alta ou caindo menos fizeram com que os preços no atacado e no varejo voltassem a subir após dois meses de recuo - o que puxou para cima a taxa da primeira prévia de agosto.

 

No atacado, os preços dos alimentos processados saíram de uma taxa negativa de 1,31% em julho para alta de 2,83% em agosto. Os aumentos de preços ocorerram em segmentos bem diferentes, como açúcar cristal (13,4%) e carne bovina (6,31%).

 

"O que podemos perceber é que as elevações de preços estão, atualmente, bem espalhadas no setor de alimentação. Acho muito difícil a reversão deste cenário, pelo menos em um período de curto prazo" avaliou. Segundo o especialista, o comportamento de preços dos alimentos no atacado levou ao enfraquecimento da queda de preços do setor de alimentação no varejo (de -1,09% para -0,25%) de julho para agosto.

 

Mas nem todos os preços dentro do atacado estão mostrando queda ou desaceleração. Quadros comentou que, assim como já observado no IGP-DI de julho, os preços dos insumos industriais mostram trajetória negativa, influenciados por sinais de enfraquecimento na economia global. No entanto, alimentos industrializados em alta impediram que o setor como um todo mostrasse deflação: os preços industriais atacadistas saíssem de uma queda de 0,07% para uma alta de 0,10%, de julho para agosto.

 

"No setor industrial, temos dois movimentos conflitantes: de um lado temos insumos dos setores químico e siderúrgico mostrando queda de preços. Do outro, alimentos industrializados mostrando elevação de preços", resumiu o economista da FGV.

 

Volatilidade - Para Quadros, a palavra para descrever o comportamento de preços das commodities agrícolas nos próximos meses será "volatilidade". Ele fez a observação ao comentar a trajetória de preços das matérias-primas brutas agropecuárias na primeira prévia do IGP-M, que saíram de uma queda de 1,43% para uma alta de 1,24% de julho para agosto. "Nada impede que estes preços voltem a cair novamente. Para os preços das commodities, tudo que sólido pode se desmanchar no ar", alertou.

 

O especialista lembrou que, historicamente, a trajetória de preços das commodities agrícolas costuma ser errática. Mas atualmente, as condições da economia mundial devem estimular ainda mais esta característica de volatilidade nos preços deste tipo de produto.

 

"A conjuntura econômica internacional está pior do que se imaginava e não sabemos exatamente qual será o impacto disso nos mercados emergentes", afirmou. "Podemos falar de alta de preços para as commodities esta semana. E poderemos falar de queda de preços nestes produtos na semana que vem, e isso (a maior imprevisibilidade) deve continuar por um bom tempo."

 

Mesmo com o fim da deflação nos IGPs, atestado pela primeira prévia do IGP-M de agosto, as taxas mensais dos indicadores não devem atingir novamente patamares de 1% como no ano passado, disse Quadros.

 

O especialista lembrou que, mesmo com aumentos expressivos de preços no setor de alimentação, tanto no atacado quanto no varejo, os preços industriais atacadistas continuam a mostrar sinais de recuo. Isso porque a atual conjuntura internacional tem influenciado quedas e desacelerações no setor, sensível às evoluções da demanda externa. "O mundo de hoje é completamente diferente do mundo no segundo semestre do ano passado. Nos próximos resultados dos IGPs, teremos resultados inferiores aos registrados em iguais períodos em 2010", afirmou. (AE)

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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