Acordo para conter a importação não avançou

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As negociações com os representantes da cadeia láctea da Argentina e do Brasil em relação à assinatura de acordo para limitar as importações brasileiras de produtos do país vizinho não avançaram. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os argentinos estão receosos com a possibilidade de perder mercado para o Uruguai e o Chile, países que não possuem acordos que regulem o volume de leite que é destinado ao mercado brasileiro.

 

As importações de leite e derivados são consideradas desnecessárias, uma vez que a produção brasileira é suficiente para atender à demanda. O receio da cadeia láctea é que o aumento da oferta de leite no mercado interno impacte a rentabilidade dos pecuaristas.

 

O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite (CNPL) da CNA, Rodrigo Alvim, afirmou que a negociação com representantes do setor produtivo de lácteos da Argentina, que estabeleceria cotas mensais de importação de leite em pó do país vizinho, não foi concluída na reunião realizada na última terça-feira, no Rio Grande do Sul. Segundo Alvim, as reuniões continuam e os países estão próximos de chegar a um consenso.

 

Rodrigo Alvim também defende a criação de um acordo com o Uruguai, nos moldes do que já existe com os argentinos. Em 2009, Brasil e Argentina selaram um acordo que previa a importação de até 3 mil toneladas por mês de leite em pó do país vizinho.

 

Fundamental - O objetivo do pacto era evitar surtos de importação do produto que empurrassem para baixo o preço do leite pago ao produtor brasileiro. O acordo foi renovado no ano passado e, neste ano, o Brasil busca incluir nas negociações cotas mensais para queijo e soro, cujas importações da Argentina também aumentaram neste ano.

 

De acordo com o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez, o acordo entre os países para limitar as importações é fundamental para a manutenção da rentabilidade dos produtores mineiros, já que o aumento das importações do segmento de lácteos preocupa os representantes do setor em Minas Gerais.

 

Segundo Albanez, caso o governo federal não consiga fechar um acordo, a situação dos pecuaristas de leite pode se agravar. Para se ter ideia, ao longo dos primeiros sete meses deste ano as importações mineiras do segmento aumentaram 31,78% em volume. No período, foram importadas 3,5 mil toneladas de produtos lácteos. O faturamento acumulado é de US$ 12,7 milhões, alta de 66,52%. As importações são provenientes principalmente do Uruguai e da Argentina.

 

O aumento das importações aconteceu em um período em que a renda do produtor está desfavorável. De acordo com o Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite), elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - unidade Gado de Leite (Embrapa Gado de Leite), o incremento dos custos de produção, alavancados pelos preços do milho e farelo de soja, está superior à valorização do leite.

 

Harmonia - Enquanto dos custos de produção ficaram em média 19,34% maiores entre julho de 2010 e igual mês deste ano, o preço pago pelo litro de leite subiu apenas 6,5%. "O governo federal precisa manter as negociações com a Argentina e também com o Uruguai. A limitação das importações de leite e derivados será fundamental para preservar a cadeia produtiva do Estado", disse Albanez.

 

Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Associação Leite Brasil), Jorge Rubez, a negociação com a Argentina deverá avançar, por existir entre os países que compõem o Mercosul o conceito de harmonia.

 

"Acreditamos que o acordo será firmado com a Argentina. Caso não seja concretizado, e as importações passem a afetar o desenvolvimento da cadeia láctea, caberá ao governo brasileiro adotar medidas para proteger a produção local, como a adoção de alíquotas compensatórias, que foram adotadas em relação às importações da Europa. A postura de não assinar o acordo pode significar que os argentinos querem expandir a comercialização, o que deverá ser muito bem monitorado pelo governo brasileiro", avaliou.

 

O dirigente ressalta que a produção brasileira de leite é suficiente para abastecer o mercado interno.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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