A colheita seletiva apenas dos grãos maduros, o uso de água de boa qualidade na lavagem e no descascador de cereja, o bom manejo da secagem em terreiro e o descanso do café em pergaminho por pelo menos dois meses são alguns dos cuidados que o cafeicultor Carlos Sérgio Sanglard, de Araponga, na Zona da Mata, adota para produzir um excelente café.
Tanta dedicação valeu ao proprietário da Fazenda Serra do Boné o 1º lugar na categoria cereja descascado no "5º Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais", coordenado pela Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Também de Araponga é o café que conquistou o 4º lugar na categoria Natural, cultivado pelo agricultor familiar Vanderlei Paulo Martins. Situado em região montanhosa na Zona da Mata, o município de Araponga já está se tornando referência na produção de cafés finos, ou gourmet, como é conhecida a bebida de qualidade superior.
"A altitude, a fertilidade do solo na região e o clima são essenciais para esse resultado. Mas a alta qualidade do produto final só é conquistada graças a muitos cuidados na colheita e no preparo do café, como a lavagem e a secagem uniforme. E os cafeicultores aqui do município conquistaram um profissionalismo muito bom nessa área", afirma o engenheiro agrônomo Pedro Rubens Lopes da Silva, do escritório local da Emater-MG.
Leilão - Os produtores dos 30 melhores lotes apresentados para o concurso estadual foram homenageados em Lavras, em cerimônia que contou com a presença do secretário de Agricultura, Gilman Viana Rodrigues. No leilão dos 10 lotes melhor classificados (cinco de café natural e cinco de cereja descascado), o café da Fazenda Sertãozinho, produzido no município de Botelhos (Sul de Minas) foi o que recebeu o melhor lance, sendo adquirido por R$ 1,5 mil a saca. O comprador foi o Café Orfeu, com sede também em Botelhos.
O vencedor do "5º Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais", Carlos Sérgio Sanglard, vendeu seu café por R$ 1,2 mil a saca. O lote foi comprado pelo Café Toko, da Zona da Mata. De acordo com Viana Rodrigues, o leilão especial corresponde aos objetivos do concurso, que tem por meta a valorização da qualidade, e isso deve ser traduzido em preço.
O presidente da Emater-MG, José Silva, ressaltou a importância do concurso e do leilão para os agricultores familiares. " um instrumento para estimular os agricultores a se profissionalizarem, a gerir suas propriedades como empresas lucrativas. O maior desafio é fazer com que tenham competitividade no mercado e o reconhecimento da qualidade é fundamental para aumentar o valor agregado
Outra boa notícia para os cafeicultores da região produtora das Matas de Minas foi a divulgação, na quarta-feira passada, dos 50 finalistas do "18º Prêmio Fundação Ernesto Illy de Qualidade do Café para Expresso", um dos mais prestigiados do país. Entre eles, dez são da região, sendo oito de Araponga e dois de Dom Viçoso. Além de adquirir a produção dos 50 finalistas do Prêmio por valores acima do mercado, a illycaffè oferece a eles prêmios em dinheiro.
Veículo: Diário do Comércio - MG