Importador e produtor de leite travam disputa

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Rodrigo Alvim, da CNA, teme surtos de importação de leite em pó, pelo país

 

O setor importador de alimentos e bebidas promete travar uma briga com os produtores brasileiros de leite para aumentar o volume de leite em pó comprado de países do Mercosul. Para eles, a quantidade adquirida é pequena diante dos níveis de produção nacional de leite. Na contramão, os produtores do Brasil querem diminuir a entrada do item estrangeiro no país.

 

O Brasil importou 45 mil toneladas de leite em pó em 2010, o equivalente a 380 mil toneladas de leite cru fluido, de acordo com a Associação Nacional dos Importadores de Alimentos e Bebidas (ANIABrasil). O país produziu 30 bilhões de litros de leite cru em 2010.

 

O impacto do leite em pó importado é mínimo e equivale a cerca de 1,31% da produção leiteira nacional, segundo a ANIABrasil. "Essa quantidade de importação não justifica a implantação de barreiras à importação dos lácteos. Essa pressão das [ empresas] nacionais é para manter sua fatia de mercado", afirma o presidente da ANIABrasil, Herculano Gonçalves.

 

A ANIABrasil ainda argumenta que a entrada do produto estrangeiro, mais barato que o nacional, ajuda a reduzir o preço do produto. Além disso, segundo Gonçalves, o leite em pó importado destina-se à indústria de alimentos e ao food service e não chega ao varejo. Esse leite em pó é usado na produção de sorvetes, chocolates, culinária, vitaminas em bares e restaurantes. O destaque, segundo Gonçalves, é no setor de refeição fora do lar que cresce no Brasil em virtude do aumento de renda da população.

 

O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Rodrigo Alvim, diz que as importações prejudicam o produtor brasileiro, principalmente quando uma enxurrada de produtos atinge um Estado específico. "Houve meses em que importamos mais de cinco mil toneladas de leite em pó", afirma Alvim.

 

Segundo ele, o que preocupa o setor não é a entrada do produto estrangeiro e sim surtos de importação, a exemplo de 2009. Em janeiro daquele ano, nove mil toneladas de leite em pó entraram no Brasil vindas de países do Mercosul. "Não estamos proibindo venda deles. Mas também não devemos nos sentir obrigados a comprar todo o excedente de produção da Argentina e do Uruguai. Nosso mercado é autossuficiente e estamos abastecidos o ano todo", explica Alvim. A produção da Argentina e Uruguai, segundo Alvim, subiu 20% se comparada ao primeiro trimestre do ano passado.

 

De acordo com o analista de mercado da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Gustavo Beduschi, a quantidade de leite adquirida pelas indústrias nacionais é inferior ao total produzido no Brasil. "Uma parcela da produção é consumida nas próprias fazendas", afirma Beduschi.

 

O cálculo da OCB sobre o volume de leite em pó importado é diferente do da ANIABrasil. Segundo a organização, foram 52 mil toneladas em 2010, e não 45 mil como estima a entidade que reúne os importadores.

 

Nos primeiros sete meses deste ano, segundo Beduschi, o volume já chegou a 50 mil toneladas. Segundo ele, as compras subiram muito este ano, um aumento de 68,87% em relação ao ano passado. "O impacto da importação é equivalente à quinta maior produtora de leite do país. Segundo o ranking de 2010, a empresa na posição produziu 800 milhões de litros de leite", explicou.

 

Veículo: Valor Econômico


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