GP sai do controle da ALL e fundos entram

Leia em 4min 30s

Onze anos depois de ter arrematado a malha Sul da Rede Ferroviária Federal no leilão de privatização, a GP Investimentos está deixando o bloco de controle da América Latina Logística (ALL). A gestora de fundos de private equity vai vender suas ações ordinárias (ON, com direito a voto) que estão atreladas ao acordo de acionistas para o fundo BRZ ALL, constituído pela gestora de fundos de investimento BRZ, também controlada pela GP. Os cotistas do fundo comprador, entretanto, são fundos de pensão. A GP já havia se desfeito de boa parte da sua posição, mas ainda detém 18,62% das ações ordinárias que compõem o bloco de controle. O valor atribuído à operação está entre R$ 300 milhões e R$ 330 milhões. 

 

Por envolver mudanças no bloco de controle, a operação ainda está sujeita à aprovação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Espera-se que a agência divulgue uma decisão sobre o assunto em 15 dias. 


 
O Valor apurou que Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) são as cotistas mais relevantes do BRZ ALL, com 25% e 22% de participação, respectivamente. A Funcef já integra o bloco de controle da empresa, com fatia de 5,79%. De acordo com um dos participantes, outros cotistas do BRZ ALL são fundações como a Forluz (Cemig), a Postalis (Correios), a Valia (Vale do Rio Doce), a Sabesprev (Sabesp) e o fundo de pensão do Boticário. Os fundos vêm fazendo investidas no setor de infra-estrutura como um todo nos últimos tempos e não escondem seu apetite pelo segmento de logística no qual também investem por meio de outro fundo da BRZ.

 

Um dirigente de fundo avalia que as perspectivas para a ALL no longo prazo são positivas e que o negócio se mostrou uma boa oportunidade dentro de um segmento que interessa muito. A Petros e a Funcef têm patrimônios em torno de R$ 40 bilhões e R$ 33 bilhões, respectivamente, e são os dois maiores junto com a líder do setor, a Previ, que têm mais de R$ 120 bilhões. 

 

Embora os acionistas estejam mudando, de certa forma há uma continuidade da gestão GP, já que a BRZ é uma subsidiária do grupo. Esse teria sido um fator importante para facilitar a negociação com os demais acionistas controladores. 

 

Já está acertado que o representante desse novo grupo no conselho de administração da companhia será Nelson Rozental, que já dirigiu a BNDESPar, a empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, tornou-se sócio da GP em 1999 e agora integra a subsidiária de fundos de investimento. Rozental tem trânsito entre os fundos de pensão e, ao mesmo tempo, tem bom relacionamento com os demais acionistas controladores e com a alta administração da ALL. 

 

Chama a atenção o momento escolhido pela GP para desfazer-se das ações. A instabilidade é grande, os papéis da ALL caíram 56% neste ano, na esteira da crise financeira, e estão 65% abaixo do seu pico (R$ 28,67), alcançado em 19 de julho do ano passado, quando seu valor de mercado atingiu R$ 18 bilhões. 

 

Mas, segundo fonte que acompanham a transação, a gestora de private equity não está liquidando sua posição ao preço atual. O fundo BRZ ALL está sendo criado com um patrimônio entre R$ 300 milhões e R$ 330 milhões. Esse será o valor atribuído às ações ordinárias que pertencem à GP. Mas ainda não está definido se o pagamento será feito em dinheiro ou ações líquidas da própria ALL ou outros instrumentos. Se recebesse o pagamento em units da ALL, por exemplo, a GP poderia esperar uma valorização dos papéis e ganhar mais com a transação. Um problema para se definir preço e forma de pagamento, no entanto, é a extrema instabilidade nas bolsas. As units, que fecharam a sexta-feira a R$ 10,10, chegaram a cair a R$ 7 durante as negociações. 

 

Os 18,62% do bloco de controle representam 3,32% apenas do capital total da ALL (o bloco de controle concentra 51% das ações ordinárias emitidas pela empresa). Tomando a última cotação das ações ordinárias da ALL (que são papéis de baixa liquidez), a posição da GP, sem prêmio de controle, seria avaliada em R$ 380 milhões. Tomando por base a cotação atual da unit, que concentra a liquidez da empresa e representa uma ON e quatro PNs, a fatia vendida pela GP valeria cerca de R$ 190 milhões. No pico do papel, a mesma fatia chegou a valer R$ 550 milhões, sem contar qualquer prêmio eventual pelo controle. 

 

A GP começou a desfazer-se de sua participação na ALL a partir da abertura de capital da empresa, em 2004. Em janeiro de 2007, a gestora vendeu uma parcela importante das ações vinculadas ao bloco de controle ao fundo Hana Investments, com sede no paraíso fiscal de Delaware (EUA), que reúne capital dos investidores Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. 

 

Hoje, o fundo Hana tem 15,9% das ações de controle. A participação da GP na ALL era o último investimento que restava dentro do fundo GP2, depois da venda dos papéis da Telemar este ano. 

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Terceirização é viável, desde que regulamentada

A regulamentação da terceirização é um dos temas de maior destaque na pauta de projet...

Veja mais
Turbulência e nova estratégia fazem Wal-Mart crescer

A Wal-Mart vive momentos emocionantes. O grupo varejista de Bentonville (Arkansas) vem registrando um crescimento de doi...

Veja mais
Segure as pontas

Se seu filho é daqueles que prefere canetinha porque lápis de cor sempre quebra a ponta, a Faber-Castell p...

Veja mais
Pressionado por clientes, exportador já concede descontos

Tradicionais exportadores de bens de consumo e outros manufaturados estão sendo pressionados pelos clientes no ex...

Veja mais
Câmbio também eleva custos da indústria

A alta do dólar não trouxe só expectativa de melhor rentabilidade para os exportadores. Ao mesmo te...

Veja mais
Chuva pode prejudicar qualidade do trigo do RS

As recentes chuvas sobre as regiões produtoras de trigo do Rio Grande do Sul podem prejudicar a safra do cereal n...

Veja mais
Ação de calçadista reflete perda de margem

Analistas e investidores aguardam ansiosos os resultados do terceiro trimestre da indústria calçadista. Ap...

Veja mais
Ades lança novos produtos

A Ades está investindo R$ 12 milhões para lançar quatro novos sabores, usando a atriz Priscila Fant...

Veja mais
Ades lança novos produtos

A Ades está investindo R$ 12 milhões para lançar quatro novos sabores, usando a atriz Priscila Fant...

Veja mais