A empresa de distribuição Rallye, que controla o grupo francês Casino, anunciou a compra de 3,3 milhões de ações preferenciais do Grupo Pão de Açúcar (GPA), elevando a participação do seu grupo para 45,9%. Com a aquisição, os franceses afastam ainda mais qualquer possibilidade de negociação do supermercado brasileiro, a exemplo da fusão que Abilio Diniz tentou promover com o Carrefour em junho. O Casino passa a controlar o GPA no ano que vem. "As ações preferenciais não têm a ver com isso, que já está garantido por contrato", diz Paulo Esteves, da Gradual Investimentos, para quem a compra dos papéis atesta a rentabilidade do varejo brasileiro.
O economista Nuno Fouto, do Provar, vê a investida como um reforço de que os franceses não estão dispostos a abrir mão do controle do GPA
Matriz do Casino eleva participação do grupo para 45,9% do GPA
A controladora do grupo francês Casino, Rallye, anunciou ontem que adquiriu, em agosto, 3,3 milhões de ações preferenciais da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), em um gesto de que vai seguir em frente com os negócios no Brasil. Com isso, a participação dos sócios franceses no Grupo Pão de Açúcar (GPA) chegou a 45,9%.
O anúncio vem após a declaração do presidente da rede de supermercado brasileira, Enéas Pestana, de que o Pão de Açúcar realiza estudos sobre possíveis cenários de fusão no varejo. A compra pode ser interpretada como mais uma aposta de companhias francesas na rentabilidade do mercado nacional.
"Os investidores estão atestando que o capital brasileiro é rentável", afirmou o analista-chefe da Gradual Investimentos, Paulo Esteves. "Essas ações preferenciais não têm a ver com o controle [do GPA pelo Casino], que já está garantido por contrato", frisou.
O Casino assumirá o controle do GPA no ano que vem, em respeito a um acordo assinado em 2005. A companhia investiu US$ 2 bilhões no Brasil, entre 1999 e o ano do contrato, e se posicionou fortemente contra a proposta de fusão entre o Carrefour e o Pão de Açúcar, feita pelo empresário Abilio Diniz.
Desta vez, além dos 3,3 milhões de papéis, os franceses fecharam opção de compra para mais quatro milhões de ações preferenciais no mercado futuro. "Essa aquisição reafirma que a Rallye está, assim como o Casino, confiante e comprometida com o Brasil e o GPA", declarou a matriz, em nota oficial.
Na França, onde atua em três frentes, a empresa de distribuição assemelha-se à atuação da CBD no Brasil. A Rallye controla a magazine esportiva Go Sports e possui um portfólio variado de investimentos. O grupo Casino, do qual detém 60,3%, se posiciona como a filial mais importante da companhia.
Para o professor Nuno Fouto, do Programa de Administração do Varejo (Provar), a investida da Rallye no Brasil - que, na prática, é uma ação do Casino - reforça que os franceses não estão dispostos a abrir mão do controle do Pão de Açúcar.
"É uma evidência palpável de comprometimento", disse Fouto. "O Brasil é um oásis, em termos de futuro, para essas empresas". Um exemplo disso é o Carrefour, no primeiro semestre, que teve retração na Europa e cresceu no País, e portanto se recusa a negociar a filial daqui.
Veículo: DCI