Casino gasta US$ 1,1 bi com Pão de Açúcar

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Nos últimos 90 dias, o varejista francês Casino e sua controladora, o grupo Rallye, desembolsaram pouco mais de U$ 1,1 bilhão na compra de papéis do grupo Pão de Açúcar, controlado pela família Diniz e pelo Casino, de acordo com fontes próximas à empresa. Essa movimentação ganhou força desde que o Casino se posicionou contra a proposta de Abilio Diniz de fundir os negócios com o Carrefour. Da segunda quinzena de junho até meados de setembro, esses desembolsos foram feitos com a compra de ações preferenciais da companhia, e o último anúncio ocorreu ontem.

A Rallye, controladora da varejista francesa Casino, informou a compra de 3,3 milhões de ações PN e American Depositary Receipts (ADRs) da varejista em agosto, com opção para aquisição de outros 4 milhões de papéis. A movimentação levou a um aumento de 43,1% para 45,9% na participação do Casino no capital do grupo Pão de Açúcar. "Essa aquisição reafirma que a Rallye está, bem como o Casino, confiante e comprometida com o Brasil e o grupo Pão de Açúcar", informou a companhia em comunicado.

Segundo apurou o Valor, o preço pago por papel pela holding foi de US$ 39,47, o que equivale a um desembolso de US$ 130 milhões. Nessa conta não está incluída a opção de compra de mais 4 milhões de ações. A aquisição teria sido motivada, em parte, pelo preço considerado atraente pela companhia, com alto potencial de valorização do papel.

Com essa decisão da Rallye, o Casino e a holding passam a ter 45,89% do capital total do grupo Pão de Açúcar. A família Diniz, representada por Abilio Diniz, fica com 21,43%, o mercado, com 32,3% e a parcela de "outros" soma 0,38%. Nesse cálculo, já está incluído o exercício dos 4 milhões de papéis que o Casino pode fazer, como informa o comunicado feito ontem.

Neste ano, é a primeira vez que a holding do Casino, presidida por Jean-Charles Naouri, é usada para comprar papéis do Pão de Açúcar.

A Rallye tomou dívida dentro de um quadro de endividamento em alta, mas numa taxa estável em relação ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). Segundo balanço da Rallye, a dívida líquida da empresa aumentou de €2,589 bilhões ao fim de junho de 2010 para €2,794 bilhões em junho de 2011. Em relação ao Ebitda, a dívida se manteve no patamar de 2,9 vezes. Já no Casino, a relação entre os dois indicadores é menor, mas já alcançou em junho a meta definida pela companhia, de 2,2 vezes.

O Casino tinha em 30 de junho uma dívida financeira líquida de €6,7 bilhões, acima dos €5,3 bilhões de junho de 2010. Em parte, esse aumento de dívida aconteceu por causa da compra de papéis do Pão de Açúcar em junho, relata a empresa no balanço. Há dez dias o Casino abriu uma linha de financiamento de US$ 900 milhões com um conjunto de nove bancos internacionais.

Desde que veio à tona o interesse de Abilio Diniz numa fusão com o Carrefour, o Casino e a holding fizeram no total três anúncios de compras de papéis. As primeiras informações a respeito desse interesse começaram a vazar ao mercado no fim de maio.

No início de junho, a participação do Casino no capital total do Pão de Açúcar passou de 33,7% para 37%. Duas semanas depois, o grupo francês fez nova aquisição e a participação foi a 43,1% do capital do grupo, até atingir agora 45,9%, por meio da holding.


Veículo: Valor Econômico


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