O presidente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Enéas Pestana, afirmou que a companhia realiza estudos sobre possíveis fusões no setor supermercadista. "Estamos sempre atentos aos movimentos dos concorrentes", disse o executivo, na sexta-feira. Além disso, indicou que a empresa está repensando o próprio modelo de farmácia para alterá-lo no futuro.
Pestana relatou que, durante as reuniões do conselho de planejamento estratégico do grupo, realizadas há duas semanas, foram apresentados cenários sobre como ficaria a competição no varejo nacional se o Walmart ou o grupo chileno Cencosud arrematassem o Carrefour. Mas o executivo pontuou tratar-se apenas de "uma análise".
A hipótese de fusão, no Brasil, entre a companhia francesa e algum concorrente - principalmente o Walmart - veio à tona depois que fracassou a tentativa de Abílio Diniz de unir o Carrefour ao GPA, em agosto deste ano.
Depois de um dos encontros do conselho, Diniz comentou que a diretoria executiva tinha encomendado uma pesquisa segundo a qual o Pão de Açúcar perderia força competitiva no mercado se o Carrefour se unisse ao Walmart.
Contudo, Pestana destacou que as reuniões de planejamento tiveram um clima "tranquilo, amigável e respeitoso". Ao lhe ser perguntado por jornalistas se o tema da fusão com o Carrefour tinha sido discutido, o presidente do GPA respondeu: "Não foi abordado nenhum assunto fora da agenda".
Durante um evento no Itaim, ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, Pestana revelou que o formato de drogaria do GPA deverá ser modificado. O presidente disse que algumas áreas, como a de perfumaria, passarão por ampliação.
O grupo detém 153 drogarias com as bandeiras Pão de Açúcar e Droga Extra, a maior parte das quais fica no interior dos super e hipermercados. Vinte unidades da segunda bandeira, no entanto, estão nas ruas. A partir das mudanças, o sucesso das unidades independentes deve servir de termômetro para as futuras decisões da companhia quanto a investir ou não em mais lojas de rua.
Farmacêuticos
Dois líderes do ramo de farmácia, Ronaldo Carvalho (Drogaria SP) e Deusmar de Queiroz (Pague Menos), comentaram a participação do varejo supermercadista no setor em que atuam. Carvalho disse que, eventualmente, deve adquirir outras redes de farmácia - em agosto, uniu-se à Pacheco -, mas "nunca" compraria uma do GPA, "pois são deficitárias".
Já Queiroz disse que o investimento do grupo supermercadista no ramo farmacêutico é "perfeitamente natural". "O Walmart foi precursor disso nos Estados Unidos. No Brasil, o negócio ainda é muito tímido - todos os supermercados juntos não somam 3% de market share de farmácia". De qualquer forma, "nós estamos preparados para enfrentar o Pão de Açúcar", afirmou.
Veículo: DCI