Paulista Dori lucra milhões com bala de goma e estuda abrir no Nordeste a sua quarta fábrica

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Compenetrada na sua função de empacotadora, a jovem Maria Augusta mal pisca. Ela integra a linha de produção da bala de goma Gomets e sua função é colocar 30 unidades de um mix de oito balas em uma embalagem "display". "Eu conto de cinco em cinco e encho a caixa", diz Maria Augusta, que realiza a façanha em segundos, enquanto separa algumas unidades com defeito. Há quatro meses trabalhando na Dori, fabricante de confeitos de Marília (SP), Maria Augusta tem razões de sobra para ser ágil. Nos últimos meses, a Dori aumentou em 50% a fabricação de balas de goma do tipo "tubo", para 900 toneladas ao mês. Boa parte do lucro de R$ 40 milhões previsto para este ano deve vir do produto, que se tornou o seu carro-chefe.

Duas das três fábricas da Dori estão trabalhando em três turnos. Só este ano, 120 pessoas foram contratadas, somando mais de dois mil funcionários. Maior fabricante nacional de balas, gomas e amendoins, a Dori passa por uma adequação de layout para liberar espaço nos 26 mil m2 da sede. As linhas estão sendo remanejadas: a fabricação de amendoim vai para a segunda planta em Marília, voltada só para esse item, enquanto a fábrica de Rolândia (PR) vai concentrar a produção de balas, pirulitos e chicletes. Além das gomas, a fábrica sede de Marília produz caramelos, chocolate Disquetti (rival do Confetti, da Kraft) e granulado.

"Até 2013, teremos decidido se montamos a quarta fábrica no Nordeste", diz o presidente da Dori, Carlos Barion. É a região que vem puxando as vendas da companhia, que somaram R$ 430 milhões em 2010 e devem crescer 12% este ano, para R$ 480 milhões. O Nordeste representa 24% da receita bruta. Enquanto isso, a Dori aumenta a sua presença na região com um novo centro de distribuição (CD) em Maceió (AL), que será inaugurado em outubro.

Por meio de um acordo firmado com o governo alagoano, a Dori vai agregar valor aos produtos no CD de Maceió. Na prática, isso significa que a empresa vai pagar 7% de ICMS, contra os 18% que pagava em São Paulo. Em contrapartida, a Dori vai renunciar ao crédito de ICMS ao qual tinha direito no Estado paulista. A expectativa é que a venda do Nordeste aumente em R$ 36 milhões no ano que vem.

Com o mesmo objetivo, de gastar menos com impostos e substituição tributária, a Dori negocia outro acordo com o governo do Paraná. A ideia é aumentar a capacidade da fábrica de Rolândia e instalar no Estado o quarto CD.

Caso não aumente a produção, que já está no limite da capacidade, a Dori tem opções de "plano B". Importação, arrendamento de fábrica e aquisição são as alternativas, nessa ordem, diz Barion. "Países como China, Colômbia e República Dominicana podem ser ótimos fornecedores nesse momento de câmbio favorável", diz o presidente, que assumiu este ano, depois que seu pai, João Barion, passou à presidência do conselho.

Antes disso, a Dori fez a lição de casa. Passou a auditar o balanço e, em 2007, contratou um dos principais especialistas em empresas familiares, Renato Bernhoeft. Criou um conselho de administração com cinco membros (dois independentes) e passou a ser controlada por quatro holdings. Em 2009, a sucessão começou a ser discutida. Dos seis filhos de João Barion, dois, Paulo e Cristina, nunca participaram da empresa. João Júnior, primogênito, saiu da Dori depois de não ter sido escolhido o sucessor natural. Ficaram no páreo Carlos, Vitor e Luiz, além de Pedro Lobo, sócio minoritário. Carlos foi indicado no final de 2010. Meses depois, Luiz, seu irmão, faleceu.

Agora o novo presidente se esforça em criar uma cultura de transparência na Dori, até ganhar musculatura para abrir o capital. "Estamos nos tornando uma empresa de vidro, sem gavetas ocultas ou salas fechadas". (DM)


Veículo: Valor Econômico


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