Da telona à telinha

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A fabricante paulista de eletrônicos H-Buster cresceu produzindo rádios, alto-falantes e tevês. Seu desafio, agora, é repetir o feito com notebooks e celulares


Nos últimos 15 anos, a H-Buster, de São Paulo, firmou-se como uma das maiores fabricantes de rádios e alto-falantes automotivos do Brasil. Hoje, se diz líder desses nichos com uma participação de 30% e 40%, respectivamente. A H-Buster também se destaca no segmento de televisores com tela de cristal líquido (LCD). Em um mercado dominado por gigantes coreanas, como Samsung e LG, a novata H-Buster, que começou a produzir essa linha em 2003, afirma dominar uma fatia de 6%. Agora, a companhia se prepara para fazer uma de suas apostas mais arriscadas. Até o final do mês começam a chegar à rede varejista seus notebooks. Para entrar nesse setor, ela está investindo R$ 60 milhões. Essa bolada inclui o gasto para instalação de uma fábrica em Cotia, município da região metropolitana de São Paulo. A unidade, com 40 mil m² de área construída, fica no terreno em frente à sede da empresa.


A diversificação foi a saída encontrada para crescer de forma mais acelerada. “Construímos uma marca sólida no setor automotivo e isso foi importante para garantir a boa trajetória de nossa linha de televisores”, disse à DINHEIRO Guilherme Ho, controlador e presidente da H-Buster. “Vamos usar essa força também para vender computadores.” Alegando razões estratégicas, Ho, que é de origem chinesa, mas se naturalizou brasileiro, não revela o faturamento da companhia. De acordo com fontes do mercado, sua receita bruta anual estaria na faixa dos R$ 700 milhões. Para brigar em um nicho dominado pela brasileira Positivo, líder do mercado, e potências globais, como as americanas HP e Dell, Ho pretende se concentrar nas faixas B e C da pirâmide de renda, especialmente das regiões Norte e Nordeste, que hoje respondem por 30% de seu faturamento. Para isso, está designando 40 dos 200 profissionais da área de vendas para se dedicarem exclusivamente à informática.
 

Por que investir em um setor no qual os preços vêm caindo de forma acelerada, o que, consequentemente, pressiona para baixo as margens de ganho? “Trata-se de um dos segmentos de consumo que vêm crescendo de forma constante”, afirma Ho. “Além disso, existe uma demanda gigantesca a ser atendida.” Os números, de certa forma, corroboram a avaliação do empresário. Segundo a consultoria alemã GfK, especializado em varejo, a venda de PCs e notebooks vêm crescendo de forma acentuada. “Os notebooks já respondem por cerca de 50% do mercado de computadores em unidades vendidas e 60% em valor”, afirma Alex Ivanov, diretor da subsidiária brasileira da GfK. Das linhas de montagem instaladas em São Paulo sairão 30 mil notebooks por mês em três versões, do básico ao modelo com recursos sofisticados e design ultrafino. Na estratégia de diversificação de portfólio traçada pela direção da H-Buster também há espaço para smartphones, que devem chegar ao mercado até 2013.
 
Para isso, Ho vai investir R$ 100 milhões nos próximos dois anos, sempre com recursos próprios. Em vez de buscar empréstimos nos bancos, ele financia sua expansão por meio de acordos celebrados com fornecedores. Boa parte deles, por sinal, da Ásia, como a chinesa Haier, sua parceira na área de tevês. “As compras programadas de matéria-prima garantem vantagens como preço competitivo e prazos longos para pagamento”, afirma. Apesar disso, o empresário tem consciência de que, para mudar de patamar, a H-Buster precisará de uma injeção extra de recursos. Uma das opções é a abertura do capital, que está nos planos de Ho para até 2014. O ingresso em novas linhas de produtos não significa que as áreas maduras serão esquecidas. No início do ano, a companhia duplicou a capacidade de produção de tevês para 60 mil unidades por mês na fábrica de Manaus. “Com isso, espera conquistar uma fatia de 10% do  mercado”, afirma Ho.
 

Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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