Importação de maçã cresce 48%

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Com o real forte e a perda de qualidade da safra de 2011 em função do granizo, mais maçãs importadas estão chegando ao mercado nacional. De janeiro a agosto, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volume de frutas trazidas de fora do país aumentou 47,7% e alcançou 50,8 mil toneladas.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), Pierre Pérès, a Argentina é a principal origem das frutas importadas. De acordo com os dados da Secex, o país vizinho exportou cerca de 40,1 mil toneladas da fruta para o Brasil nos últimos oito meses, o que corresponde a 79% de todo o volume que foi importado no mesmo intervalo.

Conforme a pesquisa de orçamento familiar do IBGE, o consumo per capita de maçã era de 1,68 quilo por habitante/ano em 2002. Em 2008, saltou para 2,15 quilos por habitante, um incremento de 28% em seis anos. A avaliação da entidade é que o consumo tende a subir em 2011 em função da pressão maior da oferta de frutas no mercado.

Pérès diz que a maçã argentina chega a um custo final de cerca de R$ 45 a caixa no Brasil, enquanto a fruta nacional sai por R$ 36. Segundo o dirigente, o que realmente prejudica o mercado nacional é a chegada de uma fruta de qualidade inferior comercializada na faixa de R$ 30.

De acordo com Evanir Almeida, diretor comercial da Renar Maçãs, apesar de aumento no volume da safra, o granizo rebaixou a qualidade das maçãs colhidas, o que representou uma queda de preço médio entre 5% e 6%. Para o executivo, a importação ainda não causa tanto desconforto para os negócios da Renar porque o brasileiro não tem no seu hábito de consumo a fruta argentina.

Apesar de ser vermelha e brilhante, o sabor da maçã "hermana" é menos ácido e mais poroso do que as nacionais. Por aqui, as modalidades mais populares são Fuji e Gala. "Indiretamente, o preço das frutas importadas acaba influenciando no valor praticado no mercado", diz Almeida.

Para a Sanjo, de São Joaquim (SC), as condições climáticas levaram a safra a recuar para 40 mil toneladas este ano ante 43 mil toneladas em 2010. O granizo reduziu em aproximadamente 7% a remuneração dos produtores da cooperativa - cerca de R$ 4 milhões deixaram de chegar ao produtor e, consequentemente, à economia regional, informou a empresa.

Na Agrícola Fraiburgo, também catarinense, houve impacto de 7% na produção. A empresa diversificou os pomares em quatro áreas diferentes - São Joaquim, Vacaria, Fraiburgo e Urupema - para minimizar os efeitos climáticos sobre as frutas. Foram colhidas cerca de 30 mil toneladas. Ao todo, a Agrícola movimentou 60 mil toneladas da fruta, considerando a produção de agricultores integrados.

Apesar de o granizo ter prejudicado a safra de 2011, o presidente da associação diz que o câmbio é o grande fator a favorecer a importação das frutas. O real valorizado também prejudicou a exportação das frutas brasileiras para o mercado europeu, um dos principais destinos.

"O mercado europeu estava retraído nos últimos dois anos, mas neste momento os produtores do Chile e Argentina estão vendendo com muita força para lá", afirma Ricardo Burchardt, supervisor comercial da Agrícola Fraiburgo. De acordo com a Secex, o volume de maçã exportado nos primeiros oito meses do ano teve uma queda de 53% sobre o mesmo período de 2010, atingindo 48,7 mil toneladas.

O presidente da ABPM, Pierre Pérès, também questiona o sistema de fiscalização do Ministério da Agricultura na Argentina. De acordo com ele, a vigilância, que era realizada no país vizinho com postos instalados em Mendoza e Rio Negro, atualmente fica restrita às áreas de fronteiras. "Em muitos casos, só é aberto a traseira do caminhão e vistoriada parte da carga", conta ele.

Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Agricultura informa que houve alterações no Sistema Integrado de Medidas Fitossanitárias de Mitigação de Riscos (SMR) para a praga Cydia pomonella nas culturas de maçã, pera e marmelo vindos da Argentina. Com isso, a fiscalização brasileira foi restrita a apenas duas vezes por ano em território argentino, por técnicos do Departamento de Sanidade Vegetal. Segundo o Ministério, portanto, não existe mais necessidade de o Brasil manter escritórios naquele país.


Veículo: Valor Econômico


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