No país, com a colheita praticamente encerrada, a comercialização até agosto chegou a 43% do volume estimado
A comercialização da safra mineira de café arábica, de acordo com dados da consultoria Safras & Mercados, empresa especializada na análise do agronegócio brasileiro, fechou o mês de agosto em 44% do total. Com isso, já foram comercializadas pelos produtores de Minas 10,6 milhões de sacas de 60 quilos de café, tomando-se por base a projeção da própria consultoria de uma safra 2011/12 de 24,2 milhões de sacas. A comercialização está equivalente à do mesmo período do ano passado.
No país, a comercialização do café arábica da safra atual, que já está com a colheita praticamente encerrada, alcançou 43% do volume total até agosto. Ao todo, as vendas chegaram a 14,9 milhões de sacas. Em julho, o volume negociado era de 35% da produção. A expectativa é de que a safra renda ao país 35 milhões de sacas de 60 quilos.
De acordo com o economista e analista da Safras & Mercados, Carlos Gil Barabach, a tendência para o mercado do café é de manutenção dos preços em alta, gerando bons lucros para os cafeicultores. O ritmo de vendas da safra é considerado satisfatório e, na opinião do analista, deve ser mantido ao longo dos próximos meses.
"O ritmo atual de comercialização, com a oferta atendendo à demanda, é favorável tanto para o mercado como para o produtor. A valorização do grão, observada desde meados de 2010, promoveu a capitalização dos produtores, o que evitou a colocação de um número maior de sacas no mercado durante a colheita, para a formação de caixa, contribuindo para a sustentação dos preços em patamares rentáveis", diz Barabach.
Durante a colheita houve queda nos valores pagos pela saca, que caíram do patamar de R$ 560 para R$ 440, um recuo de 27,2%. Neste caso, a variação negativa já era esperada pelo aumento da oferta. Com o encerramento da safra, não deverão ocorrer quedas significativas nos valores da saca.
"O que vemos agora é que, com a aproximação do fim da safra, os preços voltaram a subir e estão em torno de R$ 540. Alguns fatores externos, como a queda na safra da Colômbia e de outros países produtores, poderão elevar ainda mais os preços do café brasileiro", acrescenta o analista.
Os dados divulgados pela Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia mostraram que os produtores do país vizinho reviram para baixo a expectativa de safra de produção de café em 2011. O ajuste produtivo foi motivado pelas condições climáticas desfavoráveis. No período de produção atual era esperado um volume em torno de 11 milhões a 12 milhões de sacas de 60 quilos. A safra colombiana de arábica, segunda maior do mundo, perdendo apenas para a brasileira, deverá fechar o ano em torno dos 9 milhões de sacas, ante 9,5 milhões geradas em 2010.
Expectativa - Além da redução da oferta mundial, a expectativa em relação à próxima safra mineira também pode interferir na cotação. A geadas nas regiões produtoras, ao longo da safra atual, poderão limitar a produtividade dos cafezais em 2012, assim como a estiagem prolongada e próxima ao período de florada. Caso sejam confirmadas as estimativas e diante dos estoques mundiais baixos, a cotação do café poderá ser novamente alavancada.
"Nesse sentido, o produtor tende a manter o ritmo das negociações tranqüilo e já começar a delinear, lentamente, alguma coisa com a safra 2012, seguindo a lógica de gerir risco de preço futuro", diz Barabach.
Mesmo com a previsão de redução da safra colombiana e a interferência do clima na produção, os cafeicultores de Minas precisam ficar atentos também para os rumos do mercado internacional. Para Barabach, o agravamento da crise econômica poderá trazer prejuízos.
"Os produtores devem manter-se informados sobre as economias da Europa e dos Estados Unidos. Caso ocorra agravamento da situação, a aquisição e os preços do café poderão ser afetados", alerta Barabach.
Veículo: Diário do Comércio - MG