O Brasil produziu menos trigo neste ano e exportou mais. As importações devem aumentar e os produtores poderão obter melhores preços internos, principalmente se o dólar mantiver a tendência de alta em relação ao real.
Mas os preços externos podem não permitir uma boa aceleração. O trigo é uma das poucas commodities cujos preços atuais de negociação são inferiores aos do mesmo período do ano passado.
As negociações de ontem na Bolsa de Chicago indicaram US$ 6,96 por bushel (27,2 quilos), 4% abaixo dos valores de negociação de setembro de 2010. O mercado futuro da Bolsa não indica, no entanto, preços inferiores ao atuais para 2012. Ao contrário, os negociadores apontam valores acima de US$ 7.
A perda atual de preço do cereal no mercado futuro é reflexo do bom desempenho da safra em alguns dos principais países exportadores, como Canadá e Austrália.
Os dados mais recentes do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicam safra mundial de 678 milhões de toneladas. O governo australiano, cuja safra vinha sendo prejudicada por secas recentemente, agora espera produção de 26 milhões de toneladas, com as exportações superando 20 milhões em 2011/12.
Já o Canadá também refez as contas e a produção deve ficar em 24 milhões. Até a União Europeia, que vinha com sérios problemas climáticos nos últimos anos, deverá chegar a 136 milhões de toneladas em 2011/12.
Os produtores brasileiros, com dificuldade de colocar o produto internamente, exportaram 2,34 milhões de toneladas de janeiro a agosto, 105% mais do que o 1,14 milhão de toneladas de igual período de 2010. Já as importações, que somaram 3,8 milhões de toneladas nos oito primeiros meses, recuaram 15% em relação às do ano anterior.
Veículo: Folha de S.Paulo