Após fechar 5 plantas, LBR diz que reestruturação de operações está terminada

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Apesar do nível de ociosidade ainda elevado do parque industrial, a LBR - Lácteos Brasil não pretende desativar mais nenhuma fábrica além das cinco paralisadas desde o início do ano. O presidente do conselho de administração, Wilson Zanatta, garantiu ontem que a reestruturação operacional "está concluída" e que a expectativa da empresa é, em dois anos, alcançar uma captação diária de 6 milhões de litros de leite no país, o bastante para justificar a reabertura de parte das unidades fechadas.

Fruto da fusão entre a Bom Gosto e a LeitBom no fim de 2010, a LBR diminuiu a capacidade de processamento de 8 milhões para 7,3 milhões de litros por dia após a redução de 30 para 25 no número de unidades em operação em 12 Estados. Como a empresa está captando 4,3 milhões de litros por dia, o nível de ociosidade caiu de 46,3% para 41,1%, ainda bem acima dos 30% considerados ideais por Zanatta, que fundou a Bom Gosto em 1993.

Mesmo assim, o empresário prevê crescimento de 20% na receita bruta deste ano ante a base de comparação pró-forma de 2010, para perto de R$ 3 bilhões, e garantiu que a LBR não venderá as fábricas fechadas em Uruaçu e Fazenda Nova, em Goiás, e Minduri e Aiuruoca, em Minas Gerais. Já a de Erechim foi desativada na semana passada e devolvida à Cooperativa Riograndense de Laticínios e Correlatos (Coorlac), de quem havia sido arrendada em 2008.

"Foi um processo de otimização de custos. No processo de fusão houve sobreposição entre algumas unidades e canalizamos (a produção) para as economicamente mais viáveis", disse. No caso de Erechim, a produção de queijo prato, mussarela, nata, doce de leite, leite pasteurizado e bebidas lácteas foi transferida para as plantas de Gaurama e de Tapejara, a 18 e a 70 quilômetros de distância, respectivamente.

Conforme Zanatta, o volume normal de captação nesta época do ano seria de 5 milhões de litros por dia, mas o inverno rigoroso na região Sul, onde a empresa obtém 65% da matéria-prima que utiliza, comprometeu a curva de oferta. Mas o nível de ociosidade do setor também está elevado porque a produção de leite não acompanhou o ritmo de implantação de novas indústrias no país nos últimos anos, admitiu.

"Talvez as empresas tenham exagerado nas expectativas ou talvez os produtores não tenham avançado o suficiente. Não posso avaliar quem errou mais", comentou. Segundo ele, a LBR está "trabalhando forte" para elevar a captação para 6 milhões de litros por dia em dois anos com estímulos ao aumento da produtividade e da qualidade dos seus 56 mil fornecedores de leite no país.

Um dos projetos é o chamado "plano 300", criado em 2010 pela Bom Gosto e adotado há quatro meses pela LBR. O trabalho inclui assistência técnica e apoio na busca de financiamentos para aumentar a produção nas propriedades para pelo menos 300 litros por dia, mais que o triplo da média atual. "Atualmente 80% dos nossos fornecedores produzem menos de 300 litros diários e queremos atingir pelo menos 4 mil produtores em quatro anos", disse.

De acordo com o empresário, a LBR também pretende reforçar a distribuição das suas 16 marcas e em três anos planeja dobrar o número de clientes ativos no Brasil, para 50 mil, com expansão focada principalmente no pequeno e no médio comércio. Segundo ele, este é o maior desafio do novo diretor-presidente da empresa, Marcos Póvoas, que passou por empresas como PepsiCo, Coca-Cola /Panamco, Bauducco e J. Macedo.

Póvoas assumiu em julho no lugar de Fernando Falco, que comandou a LBR desde o início. Conforme Zanatta, Falco era da LeitBom e permaneceu no cargo para evitar "mudanças bruscas" durante a fusão, mas a substituição já estava programada pela companhia.

O empresário também confirmou a manutenção do projeto de implantação de uma fábrica em San Jose de Mayo, no Uruguai, com capacidade instalada inicial de processamento de 600 mil litros por dia para produzir leite em pó, creme de leite e manteiga com a marca Bom Gosto.

O empreendimento já foi enquadrado como projeto de interesse econômico pelo governo uruguaio, o que lhe garante vantagens fiscais, e falta apenas o licenciamento ambiental para começar as obras. O investimento será de US$ 30 milhões e a expectativa é que a produção inicie em dois anos.


Veículo: Valor Econômico



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