Indústria têxtil já sente efeitos positivos com a alta do dólar

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Nos últimos dois anos, a fabricante de produtos para cama, mesa e banho Teka viu o seu índice de exportação cair cerca de 50% devido à valorização do real, o que a fez perder competitividade no mercado externo. Em 2006, a empresa fechou as exportações com um resultado de US$ 32,6 milhões, um número 36,2% maior do que igual período em 2005. No último mês, no entanto, o quadro começou a mudar. "Nós já estamos sentindo sinais de que nossas exportações devem melhorar sensivelmente", afirma o diretor de Exportação e Marketing da Teka, Marcello Stewers.

 

De acordo com o executivo, desde a valorização do real, grande parte das empresas exportadoras passou a mirar o mercado doméstico. "Esse fato trouxe ao setor uma guerra de preços e deixou o mercado super faturado de produtos", afirma Stewers. Segundo ele, esse foi um momento em que as empresas perderam rentabilidade. Hoje, 92% da produção têxtil brasileira é consumida no País.

 

A indústria têxtil deverá ser um dos setores que se beneficiará com a valorização do dólar frente ao real e com a escassez de crédito que dificultará a comercialização de bens de consumo duráveis. Além de conquistar mais competitividade no exterior, o setor, ainda, verá os produtos importados terem menos competitividade no mercado brasileiro.

 

No entanto, apesar de um cenário aparentemente mais positivo para as exportações, a crise trouxe um empecilho para as empresas voltarem a exportar: a dificuldade de financiamento.

 

"Agora não sei como será feito o financiamento da exportação, um problema que antes eu não tinha", afirma o diretor de Exportação da Teka.

 

O mesmo cenário já foi notado pela fabricante Cedro Cachoeira. A empresa também verificou queda nas exportações. Em 2005, 18% da produção da produtora têxtil era destinado ao mercado externo, número que caiu para 6% em 2008. "O mercado interno absorveu a produção. Agora, é provável que voltemos a exportar mais, mas vai depender de como vai ficar a demanda externa", afirma o presidente da Cedro Cachoeira, Aguinaldo Diniz Filho, que também está à frente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).

 

Segundo Diniz Filho, o dólar por volta de R$ 2 já favoreceria o setor. Ainda de acordo com, o executivo, a falta de crédito poderá trazer uma mudança do perfil do consumo no Brasil.

 

"Haverá mais dificuldade para a compra de bens duráveis e esse consumo pode migrar para o setor têxtil", afirma o presidente da Abit. De acordo co o executivo, os investimentos previstos para o setor de US$ 1 bilhão estão mantidos. A mudança do perfil do consumo também é aguardada pela fabricante de meias e roupas íntimas Lupo.

 

"Não sentimos nada em relação à crise, pois não dependemos de crédito", afirma o diretor Comercial da companhia, Valquírio Cabral Júnior. A empresa, ao contrário da maioria do setor, conseguiu ampliar as exportações durante 2008 em 35%.

 

No entanto, de acordo com o diretor Comercial, a empresa agora está enfrentando dificuldades porque os clientes de fora do Brasil já querem redução dos preços por conta da valorização do dólar. "Ainda não sabemos em que valor o dólar será fixado e por isso vamos aguardar até janeiro para termos uma definição do que poderá acontecer", afirma.

 

Ao contrário de grande parte das empresas do setor produtivo, outubro foi um mês em que a Lupo só teve razões para comemorar. Os resultados durante os 31 dias do mês mostraram recorde do faturamento da empresa em um único mês.

 

Na expectativa de um cenário ainda mais promissor em 2009, os investimentos estão confirmados. Serão cerca de R$ 15 milhões. Com isso, a capacidade produtiva instalada irá crescer 8% para atender a demanda.

 

Veículo: DCI


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