Carga cresce mais de 20% nos trilhos do País

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O transporte de cargas sobre trilhos terá um incremento maior do que a matriz de passageiros, refletindo-se nos negócios de empresas como a América Latina Logística (ALL) e a MRS Logística, mesmo que sofram, ainda, os impactos da crise financeira internacional. De acordo com especialistas do setor, a logística ferroviária deve crescer mais de 20% este ano, enquanto a movimentação de passageiros vai avançar apenas 12%. As fontes apontam ainda, de que o segmento atua no seu limite de capacidade nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, havendo a necessidade de dobrar a malha do País, bem como integrá-la a rodovias e portos.

 

Como boa parte da demanda ferroviária de carga vem da exportação de commodities como grãos e minérios a países como China e Rússia, o quadro da crise preocupa parte do setor, que, apesar de ter uma maior concentração nestas atividades, há algum tempo sinaliza novos rumos, com o incremento, por exemplo, do transporte de produtos industrializados por contêiner, atividade que cresce na ALL e que pode contribuir com os negócios das operadoras.

 

Com o atrativo de movimentar as cargas a menor custo, e com manutenção mais barata, o setor passou por avanço acelerado, segundo Gerson Toller, diretor da feira "Negócios nos Trilhos 2008", que acontece a partir de hoje, em São Paulo. "Antes da crise tivemos crescimento acelerado no setor de trens pela necessidade de se transportar insumos e pessoas, ao passo que, agora, se a economia não crescer mais, estagnaremos nos próximos anos, embora haja demanda", avaliou.

 

Toller calcula que este ano o setor de carga cresça 23%, e o de passageiros cresceu 12%, com atenção ao limite da capacidade no Sudeste e com necessidade de ampliar a malha férrea do País.

 

Em entrevista recente ao DCI, Bernardo Figueiredo, presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), contou que há plano para conceder, à iniciativa privada, mais seis mil quilômetros de ferrovias. "Temos uma programação fechada para licitar mais três mil quilômetros da Ferrovia Norte-Sul (FNS), ligando-a ao litoral da Bahia e a São Paulo. Mas estamos em estudos adiantados, com a idéia de colocar mais três mil quilômetros de malha para concessão no máximo até o início do próximo ano", disse, na ocasião. O País tem aproximadamente 30 mil quilômetros de ferrovias.

 

Diversificação

 

Atenta às modificações na demanda por transporte de carga em trilhos, a ALL se esforça para diversificar sua atuação. A empresa viu o volume de transporte de industrializados crescer acima dos dois dígitos nos últimos meses. Para este ano, a empresa trabalha com meta de incremento na casa dos 40% nestas atividades, com atenção aos segmentos de construção, contêineres, siderúrgicos e florestais.

 

Recentemente, a ALL fechou parceria com a Cosan em outra área, a do transporte de álcool, com destino ao Porto de Santos, operação que até então não fora realizada por nenhum operador logístico. Esse projeto piloto, em que serão utilizados 15 vagões, deve levar de 3,6 milhões de litros de etanol de Bauru para o Terminal Exportador de Álcool de Santos (TEAS).

 

Antonio Giudice, presidente da Santa Fé Vagões, empresa que tem parceria com a indiana Besco e que faz composição acionária com ALL, acredita que o mercado ferroviário dá continuidade ao crescimento, mesmo com a crise, e só não sabe se o ritmo continua. "O mercado ferroviário de carga renasceu nos últimos 10 anos por causa de commodities como minérios e grãos."

 

O executivo destacou que os pólos de desenvolvimento mudaram, pois as ferrovias antigas, hoje obsoletas, serviam regiões de produção de café, e está alinhado ao discurso de que o correto seria dobrar a malha ferroviária, integrando-a com rodovias e portos. "Hoje o transporte corresponde a entre 35% e 40%, mas deveríamos ter metade da carga transportada por trens", disse.

 

Controle

 

A ALL passa atualmente por mudanças em seu controle acionário, operação dada como certa, dependendo apenas da autorização dos órgãos federais responsáveis. Em fato relevante, a companhia comunicou que os acionistas de Latin American Growth Capital (LLC), Gruçaí Participações S.A. e Emerging Markets Capital Investments, LLC, todos integrantes do grupo controlador da companhia, receberam proposta de compra de ações da BRZ ALL Fundo de Investimento em Participações. Com a conclusão do processo, a BRZ ALL, que é gerida pela BRZ Investimentos, que por sua vez pertence ao grupo GP Investimentos, integrará o grupo de controle da ALL.

 

A operadora de carga sobre trilhos já divulgou seus resultados financeiros preliminares, ainda não auditados, em que a companhia obteve uma receita total consolidada de R$ 770,2 milhões no terceiro trimestre deste ano, um crescimento de 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a companhia faturou R$ 699,2 milhões. No acumulado do ano, até setembro, a ALL registrou receita total de R$ 2,153 bilhões, um avanço de 17,3% em relação a 2007.

 

Vagões

 

Outra empresa de logística que segue com o plano de investimentos, ainda sem contabilizar os efeitos da crise, a MRS Logística, registrou incremento de 88% na frota, desde o início da concessão, em 1996, passando de 325 máquinas, para 613. "O investimento na frota é fruto da demanda crescente pelos serviços", comentou Carlos Eduardo Fontenelle Carneiro, diretor de Operações MRS. A empresa acaba de receber um terceiro lote de frota, com 19 máquinas, que vão somar-se aos dois primeiros grupos do ano, com 38 unidades.

 

Ainda este ano, a MRS espera mais oito máquinas, que vão integrar uma frota espacial de 65 locomotivas. A companhia atingiu a meta de 1 bilhão de toneladas transportadas, montante calculado para ser alcançado só em 2011. A empresa tem como um dos principais acionistas a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e participação menor de corporações como Vale, Usiminas e Gerdau, e transporta cargas gerais, como minérios, siderúrgicos, agrícolas e contêineres.

 


Veículo: DCI


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