Marca própria ignora crise e ganha espaço nas prateleiras

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A crise nos mercados internacionais pode acanhar o consumo interno brasileiro, por conta da redução do crédito, mas deve impulsionar um segmento no varejo: a venda de produtos de marca própria, que cresce de modo elevado no País. As grandes redes supermercadistas querem dobrar a presença desses produtos em algumas de suas bandeiras, ação comprovada pelo estudo da consultoria Nielsen, que viu o número de novos itens na lista de marca própria crescer 31% de agosto de 2007 a julho deste ano. Segundo a pesquisa, itens de marca própria estão presentes em quase metade dos domicílios brasileiros, chegando a 18 milhões de lares.

 

Uma das áreas de maior penetração da marca própria é a supermercadista. Dos itens disponíveis, 83% estão nos supermercados, 15% no atacado e 2% nas farmácias. Ao perceber o filão, Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart investem mais na área, em todas as suas bandeiras. No Pão de Açúcar, esses produtos devem representar em torno de 6% do faturamento este ano. Segundo a rede, há um grande trabalho de posicionamento com marcas transversais, como a Taeq e a Qualitá, que estão presentes em todas as bandeiras.

 

Uma das metas do Grupo é ampliar a participação de itens de marca própria no Extra Fácil, nas lojas de conveniência e de bairro, o que corresponderá por 65% das 100 unidades a serem abertas em 2009. Wagner Domegatti, diretor regional do Extra Fácil, diz que hoje, dos produtos vendidos nas lojas da bandeira, 15% são de marca própria, número já alto e que pretendem dobrar em breve.

 

A Qualitá, lançada em maio deste ano, com um investimento de R$ 4 milhões, tem previsão de mais 800 itens até o final do ano, principalmente produtos básicos: arroz, feijão, café, ovos e frutas. A intenção é que aos poucos a marca chegue em todas as unidades do Grupo e substitua outras marcas que têm o nome de cada bandeira, como Extra, Pão de Açúcar, CompreBem etc. A outra marca da rede, a Taeq, que já tem dois anos, também continua crescendo, segundo Eduardo Gasperini, gerente de Marcas Exclusivas do Grupo, em entrevista recente ao DCI."Ela cresce 15% ao mês desde que foi lançada."

 

Concorrência

 

Líder do setor, a rede Carrefour também ampliou lançamentos de marca própria. Hoje são cerca de 14.300 itens, distribuídos entre 11 marcas. Na área de alimentos, a rede afirma ser líder com mais de 40% de market share e possuir marcas com seu nome em todos os setores - eletrônico, automotivo e de vestuário.

 

De acordo com Cláudio Iriê, diretor de Marca Própria do Carrefour Brasil, "para 2009, a marca própria deve ganhar ainda mais relevância nos negócios do Grupo. Investiremos fortemente na expansão deste segmento, com oferta de novos produtos". A categoria de alimentos, por exemplo, teve crescimento de 30% em 2007, em relação a 2006.

 

Na bandeira Dia, de supermercados menores, já são quase 800 os produtos da marca Dia que a companhia afirma terem preços de 10% a 40% mais baixos que os das líderes de mercado. A explicação é que a rede estuda em conjunto com os seus fornecedores a maneira de reduzir custos, da embalagem ao transporte.

 

Pesquisa

 

Segundo a Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro), há mais de 45 mil produtos disponíveis em 25% das 644 empresas participantes da pesquisa realizada com a Nielsen, sendo que 45% das 187 categorias auditadas pela Nielsen registraram crescimento em marcas próprias. A penetração das marcas próprias é maior nas classes A e B (54,7%), mas também ocupa espaço nas classes C, D e E (47,5%).

 

No mundo, a Europa se destaca como a região onde as marcas próprias têm o maior nível de desenvolvimento; nos EUA, elas têm participação de 16% nas vendas, e na América Latina, a Argentina é o país com maior penetração das marcas próprias, com 7,7% de participação em valor.

 

Diante da crise, o especialista em varejo Emerson Kapaz, diretor executivo do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), prevê que, mesmo no Natal, a melhor data para o setor, alguns segmentos já devem sentir seus reflexos, também em relação à restrição de crédito, o que reforça a procura de redes por marcas próprias, mais baratas rentáveis. "Setores como automóveis, móveis e eletrodomésticos, os que mais cresceram este ano, com taxa média de 20%, poderão encerrar 2008 na casa dos 12%", destaca.

 

Veículo: DCI


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