Os brasileiros não querem mais só comida. Querem diversão e muita arte - como já dizia a música dos Titãs. Com a globalização da informação, o crescimento da renda e a melhora na qualidade de vida, o tradicional almoço de domingo das famílias tem ficado cada vez mais refinado. Se no início dos anos 2000 a moda era ser DJ, atualmente o bacana é ser chef amador. Já reparou nisso?
Sabe aqueles curiosos de plantão? O pai, um tio ou até mesmo aquele irmão mais velho que não perde um programa de culinária ou passou uma temporada na Europa e voltou com um caderno de receitas exóticas? Bom, esses são os caras que mais têm impulsionado o setor de supermercados de luxo no Brasil, segundo Sussumu Honda, presidente da Abras (associação que representa os supermercados).
Ele explica que o chamado “mercado gourmet” é o que mais tem sido beneficiado com isso. Itens como fígado de ganso, queijo de ovelha e cervejas especiais viraram itens obrigatórios na cozinha desses brasileiros, o que forçou as redes a mudarem o conceito das lojas e a passarem a importar esses produtos.
- O brasileiro não quer mais um produto simples, mas algo diferenciado e com uma qualidade superior [...]. Hoje as redes [de supermercados] oferecem um mix de produtos importados, como azeites mais refinados e bebidas importadas. Isso já acontece nos Estados Unidos e na Europa, mas vai começar a acontecer no Brasil com a alimentação gourmet.
A participação dos clientes nesse formato de supermercado começa logo na escolha dos produtos. Como a maioria viaja para o exterior, muitos trazem ideias e sugestões de produtos aos lojistas. A criação de uma área reservada aos produtos sem glúten na Casa Santa Luzia (região dos Jardins, na capital) é um dos exemplos, segundo o gerente Carlos Gonçalves, responsável pelo setor na loja há 36 anos.
Ficou interessado em saber como é um supermercado de luxo? A gente conta e mostra para você. Mas vá preparando o bolso para alguns quitutes e também a cozinha para as novidades. Afinal, não é todo dia que dá para preparar um prato com um aceto balsâmico de cem anos que custa R$ 1.004. Mas é para se usar uma gotinha e finalizar o prato. Quem explica é o Carlos Gonçalves, da Casa Santa Luzia.
- Começamos a trabalhar com esses produtos porque uma das clientes voltou da Suíça e trouxe a embalagem para a gente. Hoje temos uma grande variedade, além de contar até com uma equipe de nutricionistas para orientar na hora da compra.
Consultoria gastronômica
Segundo Gonçalves, apesar de não dominar os segredos da cozinha, o novo chef quer impressionar os convidados com um produto especial, que leve em conta a sofisticação e também a harmonização com a bebida e a sobremesa preparada. Para dar tudo certo nessa hora é necessário um “toque” de quem já entende da coisa e é aí onde entram em cena os consultores gastronômicos.
Apesar de não haver nenhum levantamento sobre o mercado gourmet, o crescimento de 5% em média do setor de supermercados se deve, em parte, ao surgimento desse nicho de consumidores. Segundo a associação do setor, a perspectiva é que o crescimento do mercado de orgânicos, também outro grande filão dos novos chefs, ajude a fortalecer ainda mais o setor e começar a popularizar alguns conceitos, como o de consultoria.
Veículo: Portal R7