BRF realiza aquisição, cria nova empresa e avança na Argentina

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A BRF - Brasil Foods (BRF) anunciou ontem a compra de 67% do capital social da indústria argentina de frango Avex, do grupo Miguens. Com a operação, que envolveu um desembolso equivalente a US$ 100 milhões, a empresa brasileira formou um novo grupo empresarial, a BRF Argentina, que adquiriu pelo equivalente a US$ 50 milhões o controle total do grupo Dânica, de margarinas e molhos.

A decisão da BRF de entrar na Argentina já havia sido antecipada pelo Valor há cerca de um mês. O crescimento fora do Brasil era esperado depois da recente decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que obrigou o conglomerado a se desfazer de dez fábricas, oito centros de distribuição e diversas marcas. Mas o presidente da empresa, José Antonio do Prado Fay, negou a relação direta.

"Essa expansão estava prevista em nosso planejamento estratégico. Evidentemente a decisão do Cade se ajustou a um objetivo que já estava traçado", afirmou Fay. O executivo afirmou que a BRF optou por manter um sócio minoritário local porque "entrar na Argentina não é trivial". O grupo Miguens tem investimentos em diversas áreas, como energia, papel e alimentos. São um dos acionistas da Havanna S.A, que produz o alfajor mais conhecido do país.

Fay afirmou que a nova empresa manterá as exportações atuais da Avex para a Venezuela e o Chile, mas passará a atender também a mercados hoje abastecidos pelo Brasil e começará a atuar no mercado interno. A capacidade de produção passará de 130 mil abates por dia para 300 mil abates, em um investimento ainda não quantificado por Fay. O número de funcionários, hoje 1,1 mil, deve crescer de maneira correspondente.

O executivo afirmou que a empresa pode transferir para a unidade argentina alguns contratos de exportação de margarina que a matriz brasileira mantém atualmente. Citou como exemplo o Chile, que compra duas mil toneladas por mês. A nova empresa também irá absorver as atividades da Sadia Argentina, que importa hoje processados de aves, faturando ao redor de US$ 40 milhões.

O executivo disse que a Argentina era o destino óbvio para um investimento no exterior. "A estrutura de custos é muito boa, dada a disponibilidade de grãos, a logística de transporte e a qualidade da terra", comentou. A opção pela Avex, que havia sido constituída há três anos, se deu pela estrutura de produção da empresa, semelhante ao modelo brasileiro, com 600 produtores integrados.

A avicultura passa por uma considerável expansão na Argentina, tanto no consumo interno quanto no de exportação, e o país já detém hoje uma fatia de 4% do mercado mundial, atuando em áreas em que a presença brasileira não é forte. O país exporta pouco, por exemplo, para o Oriente Médio.


Veículo: Valor Econômico


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