Para grandes redes de varejo, abrir loja vale mais que cortar custos

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As maiores redes varejistas do mundo consideram a expansão para novos países - inclusive Brasil - mais importante do que, por exemplo, a ampliação da margem de lucro ou a redução de custos internos. A urgência em buscar territórios não explorados ficou evidente em um relatório apresentado na semana passada no "World Retail Congress", em Berlim, na Alemanha, o mais importante evento global do setor.

Levantamento da organização realizado com os 100 presidentes ou diretores dessas varejistas - incluindo Walmart, Carrefour, Casino, Metro, Tesco e Ikea (estas últimas três ainda não tem lojas no Brasil) - mostra que 56% das companhias acreditam que a expansão internacional é fundamental para o futuro crescimento. A ampliação de margens é citada por 47% e a redução de gastos por 26%. As respostas são de múltipla escolha.

"É quase uma questão de sobrevivência. As grandes varejistas crescem devagar em seus países e precisam de novos consumidores", disse o consultor Mauricio Morgado, ligado ao GVcev, o Centro de Excelência em Varejo da FGV-Eaesp. "Lojas recém inauguradas em mercados emergentes crescem a uma velocidade muito maior do que as lojas antigas em qualquer país", disse Antonio Coriolano, sócio da RetailConsulting.

Segundo o material, entre aqueles que priorizam a busca por novos mercados, 58% pensam em fazê-lo por meio da abertura de lojas físicas, 28% preferem se expandir internacionalmente pela criação de sites de venda on-line e 14% por meio de outra estratégia (não especificada no relatório).

A necessidade de avaliar novos mercados no exterior só tem uma importância menor do que o desenvolvimento do comércio eletrônico (67%) e o aprimoramento do portfólio de produtos nas lojas (63%). Alguns líderes desse segmento têm deixado claro essa questão nos últimos tempos - e citado o Brasil nesse contexto.

O Walmart mencionou diversas vezes o país em encontro com analistas estrangeiros em setembro. "Nós temos o grupo dos 'big three' [formado por México, Canadá e Reino Unido] que são uma grande parte da nossa venda {...}. E o que nós temos de fazer é mudar o "big three" para "big five" tão rápido quanto nós pudermos, com China e Brasil atingindo níveis mais elevados de lucro operacional nos próximos anos", disse aos analistas Doug McMillon, presidente do Walmart International.

Segundo o material publicado no congresso, entre os 100 executivos ouvidos, 10 escolheram a China como o país com as maiores oportunidades de expansão. Em seguida estão, nessa ordem, Rússia, India, Egito e Brasil. Três por cento dos executivos citaram o Brasil como foco de investimento. Aparentemente não é uma taxa alta (Rússia aparece com 5% e Índia, 4%), mas diversos países são citados e as escolhas se pulverizaram.

Apesar da expectativa de chegada de novas redes no país (a cadeia de vestuário Topshop e a pizzaria Papa John's chegam a partir de 2011) ainda há resistências. A GAP nunca veio, a H&M pensou e desisitiu, assim como a Tesco. "As barreiras de importação ainda assustam as lojas. Além disso, a China ainda ganha pelo tamanho do mercado consumidor", disse Morgado.


Veículo: Valor Econômico


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