Alho importado é ameaça, mas produtores mineiros apostam na qualidade e aumentam produção
Os produtores mineiros de alho estão enfrentando os importadores com firmeza. Apesar de os produtos do interior não darem trégua – entre janeiro e agosto 109,9 mil toneladas de alho argentino e chinês foram desembarcados no país – o plantio no estado está em alta. Tanto que para este ano o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que a produção de alho em Minas Gerais vai alcançar 19,7 mil toneladas, volume 5,3% maior que o registrado em 2010.
A colheita mineira prevista para este ano equivale a 16,6% da safra nacional, garantindo a vice-liderança do ranking brasileiro do alho, atrás apenas de Goiás. Para o superintendente de Política e Economia Agrícola da Subsecretaria do Agronegócio da Secretaria da Agricultura de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, o aumento da safra estadual é consequência principalmente da intensa utilização de tecnologia nas lavouras. Segundo ele, a produtividade média de alho no estado é de 12,1 toneladas de alho por hectare. Há 10 anos, era de 8,1 toneladas por hectare.
Primeiro colocado na produção estadual de alho, o Alto Paranaíba tem uma safra estimada de 13,8 mil toneladas, volume correspondente a cerca de 70% da safra estadual. Albanez avalia que o plantio, principalmente na região líder de produção, foi estimulado em 2011 pela recuperação de preços registrada em 2010, como consequência de uma redução temporária das importações de alho chinês.
O agricultor familiar Oswaldo Júnior, que planta alho em 18 hectares de São Gotardo, no Alto Paranaíba, diz que o segredo para enfrentar os importados está no investimento em qualidade. “É necessário produzir sempre o nosso alho com qualidade, exista ou não a importação. Além disso, o volume das compras externas do produto pelo Brasil pode cair, e nesse caso os preços internos serão mais compensadores.”
Oswaldo Júnior concorda que o alho nacional, especialmente o colhido nas lavouras mineiras, tem a preferência dos consumidores. “O produto de Minas Gerais tem qualidade reconhecida em todo o país, especialmente nos mercados de São Paulo, Recife e Amazonas”, explica o extensionista Dener Henrique de Castro.
A preferência do consumidor brasileiro pelo alho nacional também é destacada por Eduardo Sekita, diretor do grupo Sekita, de São Gotardo, que trabalha em parceria com 49 produtores que juntos cultivam 190 hectares. Esses agricultores familiares devem garantir ao grupo, neste ano, uma produção de 3,7 mil toneladas. “O grande problema é que as importações permitidas pelo governo possibilitam a venda do alho chinês por R$ 40 a caixa de 10 quilos, enquanto no Alto Paranaíba o preço varia de R$ 42,00 a R$ 45,00, porque abaixo disso seria insuficiente para cobrir os custos de produção”, compara Sekita.
Segundo ele, outro aspecto que dificulta a situação dos produtores brasileiros é que o alho importado está presente em todo o país durante o ano inteiro. Já o produto colhido nas lavouras da maioria dos estados chega ao consumidor em um período definido, de agosto a fevereiro, sendo que em Minas Gerais o abastecimento predomina numa faixa de tempo ainda menor, de agosto a janeiro.
Veículo: O Estado de Minas