Parte da primeira florada foi perdida.
A estiagem prolongada em Minas está prejudicando o desenvolvimento dos cafezais nas principais regiões produtora do Estado e poderá comprometer o rendimento da próxima safra. Com a escassez de chuvas, parte da primeira florada dos cafezais foi perdida. A queda na produtividade pode causar prejuízos aos produtores, que por estarem mais capitalizados investiram nos tratos e na aquisição de equipamentos. Ainda não se tem estimativa de qual será a redução, o que é possível calcular somente com o início da granação, esperada para dezembro.
De acordo com o coordenador técnico da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso), Marcelo Moura Almeida, além da perda da primeira florada, com as temperaturas altas e a baixa umidade os produtores estão enfrentando problemas com o aumento da infestação do bicho mineiro, o que poderá reduzir em ampla escala a produção da safra 2011/12. A baixa umidade dificulta a pulverização da cultura.
"A seca está interferindo significativamente na cultura. Por volta do dia 20 de setembro tivemos uma pequena chuva, porém insuficiente para reduzir o estresse hídrico dos cafezais. Esta chuva induziu uma nova florada, que corre risco de ser perdida, caso a estiagem se prolongue", diz Almeida.
Outro problema observado pelo técnico da Cooparaíso é que os cafezais atingidos pelas temperaturas frias durante julho e agosto, ao invés de produzirem flores, estão recompondo as folhas perdidas no período. Na região, 90% da área produtiva apresentram problemas relacionados ao frio excessivo. Em algumas áreas ocorreram geadas.
As geadas danificaram, principalmente, as folhas dos cafezais, o que interfere negativamente no nível produtivo da safra 2011/12. "Como parte das folhas foi queimada pela geadas, a planta, em vez de utilizar seus nutrientes para a fixação das floradas, concentrará suas forças na reposição das folhas queimadas, resultando em menor produtividade. O problema, aliado à seca, poderá comprometer ainda mais o rendimento", explica.
Ainda segundo Almeida, a previsão da meteorologia é de que choverá na região no próximo dia 7. Porém, o volume esperado é menor que o necessário para a retomada da produção.
"Estamos preocupados com a situação, já que a queda na produtividade dos cafezais da região vem acontecendo desde 2010. Este ano, a média de rendimento do café caiu de 48% para 44%, o que significa que gastamos um volume maior para formar uma saca beneficiada. Isto causou perdas de 8% na renda dos produtores", afirma.
A estiagem prolongada está interferindo tambem na área de produção da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda (Cooxupé), que abrange o Sul e o Cerrado de Minas. De acordo com o gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, Joaquim Goulart de Andrade, as lavouras estão com déficit hídrico acentuado. Nas regiões onde houve florada o risco de perdas é significativo.
"Quanto maior o período de escassez, maior será a queda na produtividade e na rentabilidade do café. Em setembro não registramos chuvas significativas e só poderemos precisar o impacto em dezembro, quando os cafezais começam a produzir os grão", acrescenta Andrade.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), unidade Varginha, Luiz Geraldo Marciano Rezende Reis, as lavouras na região e no restante do Sul de Minas estão murchas e perdendo as floradas.
"A situação dos cafezais é crítica e poderá ser agravada com o prolongamento da escassez. O prejuízo causado até o momento não será revertido com a retomada das chuvas. A expectativa é de que a safra 2011/2012 será maior que a colhida este ano, porém se a seca continuar haverá uma redução muito grande no rendimento", diz.
Cerrado - De acordo com o presidente da Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio (Acarpa) e membro da Federação do Café do Cerrado, Marcelo Queiroz, as expectativas em relação à próxima safra ainda são cautelosas. "Estamos enfrentando um período muito longo de estiagem, o que pode acarretar em problemas com a florada."
A produção de café na safra 2011, em Minas, foi estimada em 21,67 milhões de sacas de 60 quilos, de acordo com o terceiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produtividade média no Estado atingiu 21,68 sacas do produto por hectare. Em comparação com a safra anterior, a estimativa sinaliza redução da produção cafeeira em 13,82%.
O decréscimo na produção se deve basicamente à bianualidade negativa da cultura, observada principalmente na Zona da Mata, Centro Sul e Serra da Mantiqueira. A queda no volume é reflexo também da frustração da produção na safra 2010, em razão do veranico ocorrido ao longo da fase produtiva das lavouras. As estimativas para a próxima safra ainda não foram divulgadas.
Veículo: Diário do Comércio - MG