Tendência é de estabilidade nos próximos meses.
Apesar da elevação entre 1% e 2% no índice de captação do leite em Minas Gerais, os preços pagos aos produtores mantiveram o ritmo de alta. Em setembro, o valor médio pago pela produção entregue em agosto subiu 2,4% se comparado com o preço praticado no mês anterior.
A justificativa para a valorização é a demanda aquecida no período de entressafra na maioria das regiões produtoras. A tendência para os próximos meses é de estabilidade nos preços.
Na média brasileira o Índice de Captação de Leite (Icap-Leite), calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), aumentou 3,8% em agosto frente a julho; mesmo assim, o índice ficou em um patamar 4,7% inferior ao observado no mesmo mês do ano passado.
Efeito climático - De acordo com os pesquisadores do Cepea, a disputa por matéria-prima proveniente dos laticínios tem contribuído para a manutenção dos preços do leite em patamares lucrativos. Mesmo com o início da safra na região Sul do país, a oferta de leite relativamente baixa se deve ao período de entressafra na maior parte das regiões produtoras, aos custos mais elevados e ao clima, que prejudicou a safra de inverno no Sul do país.
Dessa forma, após a estabilidade nos dois últimos meses, o valor médio pago pelo leite aos produtores em setembro voltou a aumentar em todas as regiões produtoras do Brasil. Em setembro, a média de crescimentos nas regiões pesquisadas pelo Cepea foi de 2,5% ou R$ 0,02 a mais por litro. O preço médio ficou em torno de R$ 0,8912 por litro. O cálculo da média nacional é feito sobre os resultados obtidos em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás e Bahia.
Em Minas Gerais o valor médio recebido pelo litro de leite ao longo de setembro ficou em R$ 0,906, o que representa alta de 2,4% sobre os preços vigentes em agosto. A maior elevação, 3,25%, no Estado foi verificada na regiões Sul e Sudeste, onde o preço médio foi de R$ 0,906.
As regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba encerram o mês com os preços mais altos, alcançando R$ 0,948 por litro do produto. O aumento acumulado em setembro foi de 2,22%. No Vale do Rio Doce o produtor recebeu 2,05% a mais pelo litro, que foi comercializado a R$ 0,917. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) o preço médio praticado em setembro foi de R$ 0,915, com valorização de 0,87%.
Segundo o levantamento do Cepea, em relação a setembro de 2010, o preço médio do leite registrou aumento de 20%, já descontando a inflação do período. Os pesquisadores do Cepea ressaltam que o valor observado no ano passado foi o mais baixo dos últimos quatro anos para o mês de setembro.
Na média de janeiro a setembro, o preço pago pelo litro de leite em 2011 ficou quase 9% acima da média de 2010. Apesar do bom desempenho da receita, os custos de produção também têm avançado, limitando a recuperação financeira dos produtores.
Segundo os dados do Cepea, o aumento da captação ocorreu em todos os estados pesquisados. Em agosto, houve aumento de 6,3% na captação de leite na região Sul do país em relação a julho, considerando-se a média ponderada dos três estados.
Ainda assim, tanto no Rio Grande do Sul quanto no Paraná, os níveis do Icap-Leite/Cepea no mês ficaram abaixo dos verificados em agosto de 2010. No Rio Grande do Sul, o volume captado entre maio e agosto (desde quando iniciou a safra de inverno) diminuiu 3% se comparado ao mesmo período de 2010; no Paraná, houve aumento de apenas 1%. A produção de leite em setembro deve ter novo aumento nos três estados, segundo o Cepea.
Em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia, apesar do clima seco, o Icap-Leite/Cepea registrou avanços de 1% a 2% entre julho e agosto. O período de safra nestes estados normalmente se inicia a partir de outubro, com a chegada das chuvas.
Chuvas - No ano passado, a estiagem prolongada em função do fenômeno La Ni¤a atrasou o avanço da produção. Para este ano, análise do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) mostra que há indícios de que este fenômeno ocorra novamente, porém, há previsão de chuvas dentro da normal climatológica para as regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e boa parte do Sul e chuvas abaixo da normal no Rio Grande do Sul.
Quanto aos valores a serem recebidos pelos produtores em outubro, referente à produção entregue em setembro, 52% dos representantes de laticínios/cooperativas entrevistados esperam estabilidade de preços. Para 34% dos compradores a estimativa é de queda de preços e, para 14% deverá haver nova alta de preços.
Veículo: Diário do Comércio - MG