Temporada de jabuticaba

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Frutas já salpicam os troncos e galhos das árvores em Sabará e região. Expectativa é de boa colheita para a safra que começa agora mas tem seu auge depois das chuvas



Moradores da cidade histórica de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte e conhecida como a capital mineira da jabuticaba, já se deliciam com as tradicionais bolinhas pretas colhidas nos quintais. E o melhor: esta ainda é a chamada safra temporona, que antecede a principal, em novembro, quando as árvores ficam completamente cobertas pela fruta, rica em ferro e que também tem cálcio, potássio, sódio, fósforo, magnésio e vitamina C.

O plantio da jabuticaba é caracterizado pelo extrativismo. A falta de produtores formalizados, que apostam na cultura com lavouras planejadas, justifica a ausência de estatísticas confiáveis sobre a produção do fruto na cidade e no estado. Mas isso não impede as famílias que têm um ou mais pés no quintal de faturar alto com as bolinhas escuras. Em Sabará, muita gente ganha dinheiro vendendo a fruta in natura – o quilo varia de R$ 2 a R$ 4 – ou negociando diferentes produtos à base dela, como vinho, licor, geleias e até balas puxa-puxa.

O visitante que levar alguns frutos para casa e desejar plantar as sementes deve seguir importantes instruções, como recomenda o engenheiro-agrônomo Dênis Soares, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG): “O plantio deve ser imediato, pois, à medida que o tempo passa, a semente perde o poder germinativo. Não é recomendável plantá-la no período frio”.

Já quem optar por comprar uma muda de jabuticabeira precisa irrigá-la com frequência. “Uma muda de 1,7 metro a 2 metros, por exemplo, pode ser encontrada ao preço médio de R$ 90 a R$ 100. A jabuticabeira leva de sete a 10 anos para começar a dar frutos”, acrescenta o agrônomo. A árvore adulta atinge 10 metros e oferece o frutas em praticamente todo o tronco e nos galhos.

Uma dica para aumentar a produção é evitar que as pessoas subam na árvore durante a floração. “Aí, pipocam muito mais jabuticabas. E dá cada bitelão... Certa vez, meus sobrinhos subiram nesses dois pés, feriram as árvores e a quantidade de fruto foi menor. No ano seguinte, não deixei que eles subissem nas jabuticabeiras. Tem que ver a maravilha que foi. Comprei uma escada para pegar as frutas dos últimos galhos. Outro segredo é molhar as árvores”, lembra o aposentado Antônio José da Silva, morador do Centro Histórico de Sabará.

Irrigar as árvores durante o ano é importante, pois os pés que ficam dependentes da chuva podem produzir poucos frutos na safra temporona. Atentos à escassez de água enviada por São Pedro, moradores de Pompéu, distrito de Sabará, a menos de 10 quilômetros da sede do município, molham as jaboticabeiras semanalmente. O trabalho vale a pena, garante o agricultor Antônio da Conceição Ferreira, de 71 anos, maior produtor do lugarejo.

“Tenho 50 pés já produzindo. Aguardo com expectativa novembro, quando ocorre (a safra) boa. A chuva deste ano está atrasada, mas molho as árvores. Esta propriedade era dos meus avós. Acredito que foram eles que plantaram os pés. Devem ter mais de 100 anos”, estima “seu” Antônio. Segundo o agrônomo da Emater-MG, a jabuticabeira é uma árvore de longa vida, e dependendo das condições do solo e de outros fatores, pode viver por mais de 100 anos.

As árvores do aposentado Ciro Herculano Cunha, de 76, não têm mais de um século, mas se destacam no quintal e servem de pretexto para reunir toda a família: “Vêm meus nove filhos e os 17 netos para colher jabuticaba”.

DESCONTO NO IPTU A jabuticaba é tão tradicional e importante para a economia de Sabará que a prefeitura estimula o plantio da cultura por meio de desconto no Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). Todo imóvel com árvores cujo tronco mede pelo menos cinco centímetros de diâmetro pode reivindicar o benefício. Pela lei, o proprietário ou locador terá desconto de 5% no IPTU, por árvore, até o limite de 25%.

“Tenho três pés de jabuticaba em casa, portanto, meu desconto é de 15%”, comemora o servidor público Walter Helvécio, justificando que só não plantou outras duas árvores, o que lhe daria desconto de 25%, em razão de não haver espaço para mais dois exemplares em seu quintal. Em 2010, cerca de 500 proprietários de imóveis foram beneficiados com a lei, aprovada em 1983.

 
Veículo: O Estado de Minas


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