Os baixos preços da batata praticados em Minas Gerais no decorrer de 2008 aliados à dificuldade de conseguir financiamentos para o plantio apontavam para uma redução drástica na plantação do tubérculo no decorrer da safra das águas. Mas, mesmo com quase 95% dessa safra plantada no Sul de Minas, a redução de área deverá ser pequena, com 10,5 mil hectares plantados ante 11 mil hectares no intervalo anterior, representando um número inferior às expectativas que indicavam queda de 10% na área.
Segundo o secretário-executivo da Associação dos Bataticultores do Sul de Minas (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro, mesmo antes de terminar o plantio, muitos produtores acabaram utilizando recursos próprios, chegando a vender máquinas e veículos para custear a safra em função da dificuldade de obtenção de crédito.
Para piorar ainda mais a situação dos bataticultores do Sul de Minas, nos últimos 15 dias os produtores encontraram preços abaixo do custo de produção e os do insumos em alta. No período, a saca de 50 quilos da batata estava sendo comercializada a R$ 25 posto no mercado, enquanto os custos de produção se mantiveram em torno de R$ 30.
Para Ribeiro, em função da pouca oferta de batata após a safra de inverno, o valor do produto foi reajustado pelo mercado e chegou a ser comercializado a R$ 35 por saca, o que deu um certo ânimo para os produtores plantarem. "Antes desse período, os preços dos fertilizantes dobraram e alguns insumos aumentaram por causa do dólar. Deveremos contar com a próxima safra mais cara, com os custos de produção por saca chegando a R$ 34", projetou.
Plantio - De acordo com o secretário, as empresas que antes financiavam os fertilizantes agora não estão repetindo. Os produtores realizaram o plantio já que estavam com as sementes compradas e, para não perdê-las, preferiram investir no campo, explicou. "Caso os preços dessa safra não seja reajustados logo, a queda no volume para a próxima será grande, mesmo com os campos apresentando condições excelentes de plantio", afirmou.
Um dos grandes entraves para o plantio dessa safra foi conseguir crédito para financiar as lavouras que, segundo Ribeiro, pode ser atribuído a dificuldade e rigor das instituições financeiras para liberar dinheiro. "Enquanto o governo alardeia que tem dinheiro disponível para a agricultura, os bataticultores financiam cerca de 80% de sua produção com capital próprio", destacou.
O secretário acredita que no próximo ano os preços se mantenham entre R$ 40, cobrindo apenas os custos, e R$ 50 por saca para realmente remunerar o produtor. A safra das águas é a maior e, caso o clima continue ajudando, deverão ser colhidas cerca de 300 mil toneladas do tubérculo ante os 260 mil do intervalo anterior, salientou Ribeiro.
Uma característica importante da região é o número de produtores concentrados, cerca de 2,5 mil, que geram 80 mil empregos diretos e 40 mil indiretos em suas plantações bem pulverizadas.
Veículo: Diário do Comércio - MG
