Qualquer supermercado italiano que se preze tem uma ala considerável destinada à "pasticceria": quitutes de massa doce, na sua maioria com recheio, muitos deles também com cobertura. Fazer com que as prateleiras dos varejistas brasileiros estejam cada vez mais repletas de guloseimas que vieram do forno é a meta da Bauducco, marca brasileira criada por italianos que quer incrementar a participação de bolos, barrinhas e biscoitos doces no faturamento.
No primeiro trimestre de 2012, entram em operação duas novas linhas de produção nas fábricas de Extrema (MG) e Guarulhos (SP), com investimentos de R$ 100 milhões. As novas linhas vão quase dobrar a produção de biscoitos tipo "cookies" e torradas. "Nossa capacidade de produção nessas categorias vai crescer 80%", diz Paulo Cardamone, diretor de marketing da Pandurata Alimentos, dona da Bauducco. A linha que vai produzir "cookies" também deve fabricar "recheadinhos", diz ele, referindo-se aos pacotes com minibarrinhas recheadas de frutas ou chocolate.
A estratégia da Bauducco é depender cada vez menos do panetone - que continua como principal categoria entre as dez em que a companhia opera, mas com participação menos expressiva. Hoje, os produtos sazonais (panetones e colombas) representam 30% das vendas da Pandurata, que deve fechar 2011 com faturamento de R$ 1,8 bilhão, valor 15% superior ao do ano passado.
"Estamos aproveitando o ótimo momento pelo qual passa a economia brasileira, com a ascensão da classe C e a busca da classe B por novidades", afirma Cardamone. "O mercado de forneados é muito básico no Brasil e interessa incrementá-lo", diz ele, que toma a Itália por modelo. Outra referência é o mercado americano, que ficou ainda mais familiar à companhia nos últimos quatro anos, depois da associação fechada com a filial brasileira da Hershey's.
No segmento de cookies, que movimenta R$ 160 milhões, segundo dados da Nielsen citados pela empresa, a fabricante praticamente dobrou sua fatia de mercado, com o crescimento de 90% este ano. Sua participação na categoria, que tem como principal rival o Chocooky, da Kraft, está em 32%. Já em torradas, em que lidera com 80% das vendas, a Bauducco diz ter crescido 18%.
"O aumento da renda faz o consumidor de cream cracker preferir torrada, quem comprava biscoito recheado passa a consumir cookie e quem preferia wafer passa a comer barrinhas recheadas", diz ele, que destaca cinco categorias que vão concentrar os investimentos em marketing da companhia em 2012: cookies, torradas, bolinhos, "recheadinhos" e panetones.
O interesse da marca em reforçar sua presença em outras categorias não vem apenas da busca por diversificação. Enquanto a penetração do panetone no país cresceu dez pontos percentuais entre 2008 e 2010, para 56%, diz Cardamone, a participação da Bauducco na categoria recuou. "Foi uma queda pouco expressiva", diz o executivo, ressaltando que a empresa é líder absoluta nos bolos natalinos. Com as marcas Bauducco, Visconti e Tommy, a Pandurata soma 60% de "market share" em panetones.
Em 2012, a companhia deve inaugurar a sua quinta fábrica. A nova planta fica em Rio Largo, região metropolitana de Maceió. Na unidade serão fabricados biscoitos wafer e forneados.
Veículo: Valor Econômico