Leite dá maior retorno no Sul do país

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Atividade produtiva rende três vezes mais do que o arrendamento da terra.


Para avaliar o custo de oportunidade do produtor de leite, pesquisadores do Centro de Estudos Avançados e Economia Aplicada (Cepea) compararam a receita que seria obtida caso o produtor optasse por arrendar a área que destina ao leite com a receita que ele tem obtido com a atividade leiteira - outras formas de se analisar o custo de oportunidade também poderiam ser adotadas. Na região Sul do país, a receita operacional (receita bruta menos custos operacionais) obtida com o leite pode ser comparada com o montante que o produtor receberia se arrendasse a terra para a produção de grãos; em São Paulo, a alternativa poderia ser o arrendamento para cana-de-açúcar, explicam os pesquisadores.

Em Minas Gerais, duas das cinco regiões analisadas apresentaram desvantagem na produção leiteira frente ao arrendamento da terra para a principal atividade alternativa. Na produção de leite - bem como nas demais atividades econômicas -, os retornos aos investimentos devem ser atrativos o suficiente para compensar esse custo de oportunidade.

As pesquisas mostram que, no Sul do país, a margem bruta da pecuária leiteira supera, pelo menos, em quase três vezes o valor do arrendamento da terra para outra atividade. "Evidencia-se nessa região o potencial de crescimento da produção leiteira, tendo em vista sua rentabilidade frente à das principais opções", interpreta a pesquisadora Aline Barrozo Ferro, do Cepea.

Em Goiás, duas das três regiões pesquisadas apontaram vantagem para a pecuária leiteira em relação ao arrendamento. Apenas em Piranhas, no noroeste goiano, a margem bruta com leite ficou 45% abaixo do valor médio de arrendamento da região.

Por outro lado, em todas as regiões de São Paulo (Fernandópolis, Guaratinguetá e Mococa), a margem bruta com a pecuária leiteira ficou abaixo do valor do arrendamento para a principal atividade alternativa; na média, a desvantagem foi de 64%, informa a equipe Cepea.

Conforme as pesquisas, o maior valor do arrendamento para a principal atividade alternativa - considerado-se, nesta análise, o maior custo de oportunidade - é observado no Estado de São Paulo, justamente onde a produção de leite vem caindo nos últimos anos. Na principal bacia leiteira do Estado (mesorregião de São José do Rio Preto), a produção de leite caiu 5% entre 1999 e 2009, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No Vale do Paraíba Paulista, a queda chegou a 17% no período. Entre os motivos para o maior valor do arrendamento, conforme pesquisadores do Cepea, está o elevado grau de infraestrutura, que valoriza a terra nesse estado, além do avanço dos canaviais e da instalações de usinas sucroalcooleiras, que acabam competindo por mão-de-obra e por terra.

Em São Paulo, o valor do arrendamento da terra para cana-de-açúcar, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), aumentou, em média, 3% ao ano entre 2000 e 2010, enquanto o preço do leite cresceu 2% ao ano, conforme dados do Cepea. Essas taxas são reais, ou seja, representam aumentos acima da inflação do período. De 2008 a 2010, entretanto, enquanto o valor do arrendamento para cana aumentou 12% em termos reais, o preço médio do leite caiu 7%.

Conforme os pesquisadores do Cepea, em regiões mais desenvolvidas em termos de infraestrutura, com maior número de agroindústrias e mais próximas de grandes centros consumidores (especialmente no Sudeste e Sul do país), tende a haver maior demanda por terras e, conseqüentemente, valorização deste ativo. Diante disso, destacam os pesquisadores, é preciso que haja um maior grau de eficiência produtiva para que a atividade leiteira seja sustentável e competitiva nessas regiões, já que o custo de oportunidade é elevado.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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