Menor velocidade dos caminhões e aumento dos gastos com manutenção da frota corroem o faturamento.
O início do período chuvoso já impacta os negócios das empresas de transporte de carga, que precisam assumir prejuízos em decorrência da redução da velocidade média dos caminhões e do aumento de gastos com manutenção. Nem mesmo a maior demanda de determinados segmentos, devido ao Natal, consegue suprir a queda de receita contabilizada com as chuvas.
Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Pedrosa, embora setores ligados ao comércio ampliem a demanda no fim do ano, outras atividades fazem o caminho contrário. É o caso, por exemplo, da construção civil, que reduz o ritmo de produção e, conseqüentemente, as encomendas durante as estações chuvosas.
Acidentes - Com isso, a demanda do setor tende a se manter equilibrada. Já o faturamento das empresas do segmento contabiliza quedas. Conforme Pedrosa, a velocidade média dos caminhões cai em torno de 30% com as rodovias molhadas, o que reduz o ritmo de entrega das encomendas. A situação das estradas gera também uma alta dos acidentes e, assim, um maior investimento em consertos dos veículos. De acordo com o presidente do Setcemg, o aumento de gastos não é repassado aos clientes.
Na empresa de Pedrosa, a Transpedrosa, localizada em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), estes fatores aliados às características de suas operações levam à uma queda de até 30% no faturamento no final de ano. A companhia atua no transporte de carga dos ramos de siderurgia e combustíveis, setores que não tendem a aumentar a demanda nesta época, em função dos feriados de dezembro.
Para 2011, a estimativa é que a transportadora, que detém 250 caminhões, mantenha os níveis observados em 2010, mesma expectativa apontada pelo Setcemg para o ramo.
Na Transavante, sediada em Pedro Leopoldo, na RMBH, a previsão também é de manter neste ano os resultados do exercício passado, o que decepciona um dos proprietários da firma, Gladstone Lobato. "Acreditávamos que várias obras iam sair do papel e aquecer os negócios, o que não aconteceu", justifica.
A Transavante atua no transporte de itens como cimento e cal, materiais diretamente ligados ao setor de construção civil. Somente as cargas de cimento representam 30% do volume total operado pela companhia.
Com a redução do desempenho da construção no período de chuvas, o faturamento mensal da empresa tradicionalmente reduz em cerca de 20% até março, quando ocorre uma aceleração. Para manter as operações saudáveis, a empresa aproveita os dias de menor demanda para diminuir o uso da frota e intensificar as férias dos funcionários.
O arrefecimento dos resultados nas estações chuvosas são normais e não assustam Lobato. Contudo, ele esperava que, em 2011, o impacto desse período seria reduzido por um aumento de obras infraestruturais em Minas Gerais, o que não ocorreu. Ele se refere a obras para a Copa do Mundo de 2014, duplicação da BR-381, entre outras.
Veículo: Diário do Comércio - MG