Engana-se quem acha que a procura pela compra coletiva cresce apenas no meio virtual. No setor atacadista, que espera fechar o ano com incremento de quase 100% em cima do faturamento de 2010 (segundo dados da Nielsen), as compras em grande volume têm sido um mecanismo cada vez mais utilizado pelas famílias brasileiras para reduzir o orçamento. Além das famílias, grupos de amigos ou vizinhos também procuram as redes atacadistas para comprar grandes quantidades e garantir preços competitivos.
Nas lojas de "atacarejo", dependendo da categoria do produto, a economia pode chegar a até 30% no preço final, calculam representantes do setor entrevistados pelo DCI. Produtos de limpeza e artigos de mercearia estão entre os artigo mais procurados, pelo fato de contarem com prazo de validade mais elástico. "É nítido que cada vez mais a pessoa física está migrando para o setor atacadista", diz Jefferson S. Fernandes, diretor de Marketing do Atacadista Roldão, terceira maior rede de São Paulo e sexta do País, no ranking da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad).
A participação dos grupos de consumidores que buscam essa modalidade de compra já representa 35% da clientela na empresa, composta de 13 atacadistas presente na capital e no interior de São Paulo e com planos de abrir mais duas unidades em Franco da Rocha e Cidade Tiradentes (SP). "Embora nosso foco permaneça sendo o público transformador, ou seja, o dogueiro ou o proprietário de um pequeno negócio, desde 2009 notamos que cresceu pelo menos 50% a presença de grupos de pessoas que buscam o atacado para dividir as despesas. Geralmente, são pessoas que moram em grandes adensamentos populacionais de baixa renda e que aderiram a esse modelo, como forma de assegurar as compras do mês", explica Jefferson.
De acordo com a pesquisa Nielsen, o crescimento do canal atacadista cresce alavancado especialmente pelas classes da base da pirâmide social (C, D e E).
Com a elevação da renda e as facilidades de obter parcelamentos no cartão de crédito, essas classes consumidoras passaram a economizar nos alimentos e a aplicar o dinheiro em outros itens, como eletrodomésticos e equipamentos de informática. Outra explicação vem da própria consolidação desse modelo de negócio, ampliado pelas recentes movimentações de fusões e aquisições envolvendo os grandes players do segmento.
"O setor vem crescendo a taxas superiores a 30% ao ano nos últimos cinco anos. Nossa percepção é que esse ritmo deve ser manter acelerado nos próximos anos movido pela excelente aceitação do modelo pela população", afirma Belmiro Gomes, diretor de Atacado e Autosserviço do Grupo Pão de Açúcar (GPA).
Preço
Na avaliação do executivo, as vantagens de se comprar no atacarejo podem ser medidas também em relação ao preço unitário de uma mercadoria, se comparado ao varejo tradicional. No Assaí, braço atacadista do Grupo Pão de Açúcar (GPA), por exemplo, o preço unitário de cada produto já oferece vantagens contra o varejo tradicional, ficando em torno de 15%%.
Essa economia pode ficar ainda maior quando se compra no atacado, cujo desconto médio é de 8% na rede, cujo foco são as pequenas empresas em geral, que se utilizam das compras por atacado. "Todos os esforços de reduções de custos são direcionados diretamente no preço de venda. O preço realmente baixo tem funcionado como nossa melhor política de marketing", explica Belmiro Gomes.
Na empresa do Grupo Pão de Açúcar, todas as categorias (limpeza, higiene pessoal, alimentos e conservas, bebidas, frios, produtos institucionais, laticínios, hortifrúti, bazar e açougue) conseguem proporcionar uma significativa vantagem de preço para o cliente, atesta o executivo do grupo. Desde a aquisição do Assaí, há três anos, a rede quadruplicou seu tamanho.
De 14 lojas em operação, em 2007, a bandeira já soma 59, sendo 17 inauguradas somente em 2010, totalizando mais de R$ 200 milhões em investimentos somente no ano passado, além da ampliação para os Estados do Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Tocantins.
Prestes a comemorar 37 anos, a empresa promove até o final do mês a "Festa de Preços Baixos" com perspectiva de aumentar as vendas em até 10%. Garantir os estoques em casa ou, simplesmente, economizar nos custos do valor da compra estão entre principais atrativos para quem procura a compra coletiva nos atacados. Mas, apesar de serem inúmeras vantagens, especialistas em finanças pessoais advertem que é preciso procurar parcerias confiáveis, como amigos próximos ou pessoas da família, para evitar problemas futuros relacionados ä divisão do parcelamento das compras e das mercadorias adquiridas.
Veículo: DCI