O acordo firmando pela Aracruz com bancos para que a produtora de papel e celulose possa, praticamente, finalizar suas posições alavancadas em derivativos cambiais, fará com que sua dívida líquida supere em R$ 3 bilhões o patrimônio líquido obtido no terceiro trimestre deste ano.
Comunicado encaminhado ontem ao mercado apontou de que as perdas totais abocanharão cerca de US$ 2,13 bilhões - ou aproximadamente R$ 4,5 bilhões, com o dólar cotado a R$ 2,15. A SLW Corretora lembrou que somada a essa cifra está a dívida líquida da companhia, contabilizada em R$ 3,2 bilhões no terceiro trimestre, o que gera um custo total de R$ 7,7 bilhões. Em 30 de setembro, o PL da empresa estava em R$ 3,998 bilhões, já prejudicado pela operação com derivativos de câmbio. "Esse alto índice de endividamento deve ser bem observado. Ficará muito complicado para a empresa, em termos de obtenção de crédito e classificação de rating", considerou Pedro Galdi, analista da corretora.
"Fica difícil fazer qualquer análise sobre o impacto da dívida porque ainda não foram divulgados prazos ou taxas", lembrou Galdi. As negociações com as instituições financeiras serão encerradas no próximo dia 30. Até aquela data, a empresa não se pronuncia sobre prazos para o pagamento do montante bilionário. Vale lembrar que a cifra total encerra 97% do volume total de suas operações. Mais uma vez, a Aracruz não se manifestou sobre qual o destino dos 3% restantes.
Apesar da perspectiva negativa, as ações preferenciais classe B da companhia tiveram um dia de forte valorização ontem: 8,39%, com cotação de R$ 2,97 no fechamento. "O mercado recebeu bem porque queria uma resolução para o problema. Não adianta: se está doente, precisa tomar o remédio", comparou a analista de papel e celulose do banco Banif, Catarina Pedrosa.
Veículo: DCI