Alheia à crise financeira global, a Melitta do Brasil está lançando três novos tipos de cafés torrado e moído com selo sustentável. A companhia, quarta maior torrefadora do país, aposta no forte crescimento do consumo de café no mercado interno, que neste ano deverá registrar aumento de 5,3% sobre 2007, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).
O Rio Grande do Sul será o primeiro mercado a receber a nova linha de produtos. Primeiro, porque a empresa é líder em vendas no Estado. E também porque a companhia adquiriu há dois anos a Café Bom Jesus, de Caxias do Sul, com forte penetração naquela região.
A nova linha de cafés, denominada "Regiões Brasileiras", tem blends das regiões da Mogiana paulista, sul de Minas e Cerrado mineiro. "São de regiões com diferentes altitudes, climas e solos", diz Bernardo Wolfson, presidente da Melitta do Brasil. "Nossas embalagens [de papel cartão] são de florestas manejadas."
O café torrado e moído não é a tradicional bebida dos gaúchos, que são mais afeitos ao chimarrão e ao café solúvel. Mas os testes para os novos produtos no país tradicionalmente começam no Sul do país por apresentar consumidores mais homogêneos, explica Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic.
A Melitta faz parte de um seleto grupo de torrefadoras com selo sustentável da Abic. "Hoje são nove empresas, com 24 marcas certificadas", diz Herszkowicz. O Programa Cafés Sustentáveis (PSC) foi criado em 2007 e engloba o conceito de produção sustentável - desde a origem até o produto final nas xícaras. "O processo industrial também é avaliado para ganhar a certificação." Além da Melitta, as empresas Café Toko (SP), Cajubá (MG), Café Campeão (ES), a cafeteria Café do Porto (RS), Café Bom Dia (MG), RJ Baiardi (MG) e Gazzola (SP) possuem certificação. Outras seis estão em auditoria.
Com faturamento global de R$ 3,3 bilhões em 2007 e 100 anos completados este ano, o Brasil é o segundo maior mercado da companhia fora da Alemanha e representa 16% da receita total do grupo. "A Melitta acredita no Brasil. Todas as crises vêm e passam. A empresa deverá crescer acima de dois dígitos no país este ano", afirma Wolfson. "Com exceção de 1986, quando o país registrou uma forte seca, o consumo de café não recuou por conta das crises", atesta Herszkowicz. (MS)
Veículo: Valor Econômico