Agora seria época de maior produção, mas cotações em queda desde julho vêm desanimando o produtor
A trajetória de queda nos preços do leite, observada desde julho, se manteve em outubro, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP). No mês passado, porém, a combinação entre a retração nas cotações e o aumento dos custos de produção levou à redução no ritmo de crescimento da oferta
Tradicionalmente, o segundo semestre do ano costuma apresentar volume maior na produção, mas, conforme o Índice de Captação de Leite do Cepea (Icap-L), o total de leite recebido pelas empresas em setembro foi somente 1,25% superior ao de agosto e, assim, o índice de setembro foi menor do que o do mesmo mês do ano passado. Tal fato não ocorria desde abril de 2007.
De agosto para setembro, o menor aumento ocorreu no Rio Grande do Sul, de apenas 0,77%, e o maior, de 2,01%, em Goiás. No mesmo período de 2007, os gaúchos tiveram aumento de quase 10%, e os goianos, de pouco mais de 8%. Nem mesmo em 2006, ano de preços estáveis em patamares considerados baixos, o volume de leite cresceu tão pouco.
No acumulado de maio a setembro, o aumento foi de apenas 3,9%; no mesmo período de 2007, foi de 32% e, de 2006, 15%. Desde julho, quando os preços começaram a cair, a média ponderada nacional (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) já perdeu 15 centavos por litro. Conforme o Cepea, em outubro, o preço médio bruto foi de R$ 0,6096/litro. Em junho, último mês de alta, a média era R$ 0,7633/litro. Segundo o Cepea, o preço médio do leite pago ao produtor em outubro (referente ao leite entregue em setembro) caiu 7,3% ou 4,8 centavos por litro, em relação ao pagamento de setembro.
OS OPOSTOS
A menor retração, de 0,75%, ocorreu na Bahia, com o litro a R$ 0,6142; em situação oposta, esteve Santa Catarina, onde a retração chegou a 12%, com o preço médio a R$ 0,5156/litro. São Paulo, que até setembro teve quedas menores que as de Minas e Goiás, registrou recuo de 6,8 centavos no preço do litro de leite, para R$ 0,6495/litro (bruto). Minas e Goiás tiveram pouca variação de preço em outubro.
Para os produtores mineiros, a queda por litro foi de pouco mais de 3 centavos e, para os goianos, pouco acima de 4 centavos, com as médias, respectivamente, em R$ 0,6314 e R$ 0,6293/litro (bruto).
A pesquisa, feita entre agentes de mercado para verificar as perspectivas para o próximo mês, apontou a possibilidade de reversão da tendência de queda. Cerca de metade dos representantes de laticínios e cooperativas consultados pelo Cepea acredita em manutenção dos atuais valores para o pagamento de novembro. A outra metade, no entanto, continua sinalizando mais um mês de queda.
Veículo: O Estado de S.Paulo