Supermercado voltará às compras em 2009

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Diante da possível desaceleração do ritmo da economia e do aperto na concessão de crédito para o próximo ano, o setor supermercadista aponta uma tendência: poderá voltar à onda de aquisições no segmento, após quase um ano, depois de a rede francesa Carrefour ter ultrapassado os concorrentes Grupo Pão de Açúcar e Wal-Mart, e assumido a liderança do ranking nacional, com a compra da rede Atacadão. Fontes do setor dizem que as empresas que atuam nas praças de Santa Catarina, Mato Grosso e da Região Norte deverão despertar o apetite desses players, interessados em ampliar sua atuação nos mercados regionais.

 

O Wal-Mart Brasil é um exemplo de varejista que está investindo na abertura de lojas para ganhar corpo na Região Centro-Oeste. Especialistas também afirmam que a terceira maior rede do País negocia a compra do Supermercados Comper, composta por 30 lojas, entre Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. Recentemente, a rede inaugurou uma loja no Mato Grosso do Sul, no formato Supercenter, além de manter três unidades em Goiás e duas no Distrito Federal.

 

Questionado a respeito do interesse em adquirir redes consideradas de menor porte como a Comper, Héctor Núñez, presidente do Wal-Mart, não confirma a negociação, mas diz que está atento ao mercado. "Quando surgir uma boa oportunidade, ela será concretizada. Recebemos muitas propostas de empresas, assim como estamos de olho no setor", ressaltou o dirigente, em entrevista exclusiva ao DCI.

 

Procurada pela reportagem, a Comper disse que não havia executivo para falar do assunto, até o fechamento desta edição.

 

Com apetite de ir às compras ainda este ano, a varejista norte-americana possui inclusive um departamento dedicado exclusivamente à busca de novos alvos, comandado pelo executivo Eduardo Alcaro. O presidente do Wal-Mart Brasil lembra que "a aquisição da Sonae Brasil Distribuidora (Sul) e Bompreço (Nordeste) são frutos do desempenho no Brasil e da construção de uma trajetória sólida", destacou.

 

Análise

 

Para Patricia Bentes, sócia-diretora da Hampton Solfise, empresa especializada em captação de recursos via mercado de capitais, poderá acontecer "uma entrada substancial de capital direto e investimentos nas empresas. Haverá investimento nas empresas, mais fusões e aquisições. Só acho que as empresas não podem se precipitar, pois pode custar caro esse capital", avaliou, em evento.

 

A especialista também acredita que a crise internacional não deverá prejudicar os investimentos no País em 2009. "O País poderá crescer de 3% a 3,5% no ano que vem, dependendo da situação na Ásia, que, afora o Japão, continua com boa performance." Segundo ela, ainda que haja desaceleração em vários países, como nos Estados Unidos, a demanda doméstica na Ásia continuará forte.

 

Ainda sobre efeitos da tormenta no varejo brasileiro, Patricia crê que as vendas deverão continuar fortes neste fim de ano e as perspectivas seguem "excelentes". Entretanto, em 2009 a tendência é que as "empresas continuem pagando mais caro pelo crédito, devido à restrição bancária" e que o mercado para novas emissões na bolsa fique complicado.

 

Redes familiares

 

Na avaliação de Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), "o crescimento do setor é um fator leva algumas empresas a postergarem a venda de seu controle, podendo aumentar seu lucro com o negócio e ainda aumentar o valor de mercado da rede". Ele destaca que existem várias oportunidades de negócios para os grandes players e que avançar nas redes de médio porte regionais pode ser uma estratégia para as redes entrarem em mercados em que não têm atuação.

 

Encaixam-se neste perfil Companhia Zaffari (RS), Bretas Supermercados (MG), Rede Comper (SC) e Angeloni (SC), cujas administrações ainda são ligadas aos fundadores das companhias. Já na visão de Fernando Yamada, presidente da rede paraense Y. Yamada, ainda existem algumas restrições para as grandes redes chegarem à sua região devido à dificuldade logística, que é 10% maior em comparação ao resto do País, somando a isso ainda a questão de conhecer melhor o público local.

 

Consumidor

 

Mesmo com o agravamento da crise financeira, a falta de dinheiro parece afligir menos o consumidor brasileiro neste final de ano do que em igual época no ano passado. Dados do Perfil Econômico do Consumidor (PEC), levantamento mensal da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), apontam de que há parcela menor de entrevistados da pesquisa que reclamam de falta de recursos (26%) em comparação com o mesmo período de 2007 (30%).

 

Segundo a análise, subiu de 48% para 52% o percentual de pessoas que conseguem chegar ao fim do mês com a quantia exata para o pagamento de todas as despesas. A pesquisa informou ainda que a parcela de brasileiros com excedente de recursos em setembro deste ano permaneceu a mesma, em comparação com setembro de 2007 (em 22%).

 

O PEC, que mensura dados de orçamento, inadimplência e consumo das famílias brasileiras, foi apurado em mil domicílios de 70 cidades e nove regiões metropolitanas entre 23 e 29 de setembro. A pesquisa aponta que caiu de 24% para 18% o número de entrevistados que pretendem consumir bens duráveis nos próximos três meses, mas sem afetar o setor.

 

Veículo: DCI


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