Em caixinha, AB Brasil vai do ovo à sobremesa

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O velho adágio de não colocar todos os ovos na mesma cesta está valendo como lei para a AB Brasil. A fabricante alimentícia, subsidiária da britânica Associated British Foods (ABF) e dona da marca Fleischmann, está disposta a diversificar seu portfólio, hoje concentrado em produtos para a indústria de panificação, e oferecer mais opções de semi-prontos para o varejo (segmento que a empresa chama de "consumo") e de ingredientes práticos para o mercado de alimentação fora do lar (food service). Foi a maneira que a companhia encontrou para continuar com vendas em ascensão - aumento de 10% no faturamento deste ano, para R$ 285 milhões -, independentemente dos reflexos da crise financeira no setor alimentício.
 


"Acredito que o mercado de alimentos no Brasil será pouco atingido pela turbulência global mas, seja como for, estamos investindo nas duas frentes de negócio, food service e consumo", diz o diretor comercial da AB Brasil, Mauro Sampaio. A empresa acaba de desembolsar R$ 5 milhões no lançamento de sobremesas líquidas semi-prontas voltadas ao consumidor final. Outros R$ 7 milhões serão aplicados no ano que vem em novos produtos para o food service e o varejo. A proposta da fabricante é ocupar lugar à mesa, seja qual for a disposição do consumidor em 2009: se ele se decidir por opções mais baratas, servidas em padarias ou lanchonetes, ou resolver comer menos fora de casa e aumentar o preparo doméstico. 

 

Hoje, o faturamento da AB Brasil está dividido de maneira equilibrada entre as vendas para a indústria - atendendo grandes fabricantes como Bimbo e Bauducco -; o food service, que abrange 40 mil padarias no país, além de grandes redes, a exemplo do McDonald's; e a área de consumo, voltada às grandes varejistas, como Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar, para as quais a AB Brasil vende não só os produtos voltados ao consumidor final, como também os ingredientes usados nas padarias dos super e hipermercados. 

 

"Nossa meta para o médio prazo, dentro de cinco anos, é que as unidades de consumo e food service representem, cada uma, 40% das vendas, enquanto a indústria responda por 20%", afirma Sampaio. Segundo o executivo, com as fusões e aquisições crescendo do lado das fabricantes, a queda-de-braço se torna mais intensa. "As negociações estão mais difíceis", diz ele, que mantém a venda direta apenas para a indústria. Para o varejo, a AB Brasil mantém uma rede de 60 distribuidores. "Já no mercado de alimentação fora do lar, são 120 distribuidores que batem de porta em porta convencendo as padarias a comprar nossos produtos", diz Sampaio. 

 

Nas padarias, as compras são semanais e não se alteraram nas últimas semanas. O maior salto da AB Brasil nesse mercado se deu com a compra da Sohovos, de Sorocaba (SP), em 2006, por R$ 40 milhões. A fabricante de derivados de ovos recebeu investimentos de R$ 10 milhões e começou a oferecer ovos líquidos pasteurizados, em caixinha longa vida, aumentando a duração do produto para 45 dias. Um produto que, segundo Sampaio, não tem concorrente similar no mercado nacional. "Hoje, nossa oferta vai do ovo em caixinha de um quilo (equivalente a 20 ovos), passando pela caixinha de clara, a caixinha de gema, até a linha 'Receitas', recém-lançada, que envolve produtos de maior valor agregado, como fios de ovos e quindim, tudo em embalagem longa vida", diz Sampaio. 


 
Nesse segmento, a clientela não fica só nas padarias tradicionais, "padarias-restaurantes" e lanchonetes, mas envolve hospitais (o Einstein é atendido, via a empresa de refeições coletivas GRSA) e ainda o ramo hoteleiro, como o hotel Hilton. "Tem havido uma boa demanda por parte das empresas que organizam cruzeiros marítimos", diz ele. 

 

O apelo da praticidade também está sendo empregado para a linha que chega ao varejo. Nesse caso, a empresa vem lançando mão este mês da apresentadora Ana Maria Braga, que comanda o programa Mais Você, na Rede Globo. São inserções semanais em que Ana Maria chama a atenção para o sabor da linha de sobremesas líquidas semi-prontas (pudins, brigadeirão, quindim, chantilly) e as misturas para bolos e pães. "Vamos aumentar em 2009 as opções de sobremesas líquidas, que garantem mais sabor do que as em pó, e também lançar bolos para preparo em microondas", afirma Sampaio. 

 

O executivo acredita que a inflação dos alimentos foi plenamente absorvida esse ano, com repasse de 10% nos preços para food service e varejo, e confia que o consumo do setor deve se manter crescente. "Prevemos um faturamento de R$ 350 milhões no próximo ano, impulsionado pelas novidades e também pelas exportações, que foram beneficiadas com o aumento do câmbio", informa o diretor comercial. A venda no exterior representa 8% da receita da AB Brasil e está concentrada em Japão e Venezuela. "Mas trabalhávamos com um câmbio desfavorável, em torno de R$ 1,6, que agora passou a R$ 2,2". 

 

A ABF desembarcou no país em 2004, com a compra das operações globais da Burns Philp, que já atuava no país com a marca Mauri e havia adquirido o fermento Fleishmann da Kraft. A atuação da ABF no país envolve também o achocolatado Ovomaltine (fabricado pela Liotécnica) e os chás Twinings, que são importados. 

 

Veículo: Valor Econômico


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